Educação e lusofonia II

OPINIÃO - António Montenegro Fiúza

Data 24/06/2020
Horário 06:30

“A língua portuguesa surgiu no planeta para difundir a luz. Sua divulgação atual faz parte do aprofundamento do processo civilizatório mundial.”
Gilberto  Gil

Vários autores, teóricos e filósofos tentaram, em vão, conceptualizar, de forma definida e objetiva, a cultura. À riqueza, à imensidão e ao dinamismo da mesma contrapõe-se o vazio e a frustração do conceito, cada vez menor, cada vez menos satisfatório. Estudam-se as manifestações culturais e as artísticas, debruça-se sobre a música, sobre o teatro, a pintura e a olaria, sobre a dança… sobre vários aspectos concretos, mas nunca completos, da cultura.

Antropologicamente, a definição mais aceite de cultura é a que a expõe como o «complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade», por Edward B. Tylor; é um todo superior à soma de todas as suas partes.

A cultura de um país é tanto mais rica quanto maior o conhecimento acumulado, pelas gerações, quanto maior o dinamismo das trocas sociais e quanto maior a promoção da integração dos indivíduos na sociedade. A lusofonia, com a amplitude de povos e culturas amalgamados, numa heterogeneidade que promove, mais do que o olhar para um passado comum, um projeto para a construção do futuro, é, em si mesma, uma cultura própria, com especificidades que se materializam em cada um dos Estados da comunidade de países de língua portuguesa.

Essa cultura é tanto mais vivida, quanto maior a educação de cada um dos indivíduos; Paulo Freire terá dito que «a leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo», mas nunca é demais realçar que a própria leitura do mundo é enriquecida com a primeira; «aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade».

A educação, que se pretende, deverá ser orientada para a formação de cidadãos comprometidos com os valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao saber-saber e ao saber-fazer, o foco deve evoluir, paulatinamente, para o saber-ser: a formação de indivíduos que carreguem a bandeira cultural das suas pátrias, assim como o faz Gilberto Gil, Doutor Honoris Causa pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Portugal.

Publicidade

Veja também