Educação financeira deve ser introduzida na infância

Economista diz que é importante tirar proveito do momento atual para ensinar crianças e adolescentes a como poupar dinheiro de forma consciente e sem causar medo

PRUDENTE - WEVERSON NASCIMENTO

Data 09/06/2020
Horário 08:55
André Esteves - Educação financeira deve ser inserida no cotidiano das pessoas já na infância
André Esteves - Educação financeira deve ser inserida no cotidiano das pessoas já na infância

Nos tempos difíceis em que muitos brasileiros têm vivido é preciso ter um olhar mais atento para as economias. Ter equilíbrio na vida financeira, assim como em todos os momentos do ano, será essencial para manter as contas em dia. Mas, e como abordar este tema com crianças e adolescentes neste período de quarentena? De acordo o professor universitário e economista, Moisés Silva Martins, a educação financeira deve ser inserida em todas as situações, sendo importante tirar proveito do momento atual para ensiná-los como poupar dinheiro de forma consciente e sem causar medo.

De acordo com o economista, a educação financeira é, sem dúvida, muito importante tanto para a criança, quanto para o adolescente, pois através dela será possível ser um adulto bem-sucedido financeiramente. “É importante ressaltar que não é somente na fase adulta que o indivíduo começará a dar o valor ao dinheiro. Ele precisa aprender desde cedo a ter essa boa relação financeira e econômica e, para isso, é preciso que ele tenha informações para agregar este conhecimento”. Além disso, Moisés diz que o controle financeiro “começa no DNA”, ou seja, se os pais ou responsáveis terem essa consciência do consumo, consequentemente, essa criança vai ter um futuro saudável. Logo, será um jovem sustentável financeiramente.

Neste período de pandemia do novo coronavírus, ele explica que é importante situar o momento e tirar proveito para ensinar a criança ou adolescente a poupar dinheiro. Porém, não se deve trabalhar a situação mediante o medo ou mesmo com a intenção de causar pavor. “Não é hora de se trabalhar cobranças, mas sim, abordar com carinho a necessidade de economizar. É dizer para o filho que as coisas no mundo estão mudando, e se estão mudando, temos então que evitar o consumo excessivo de água, luz, telefone e despesas variáveis. – ‘Sabe aquilo que a gente vem gastando? Vamos tentar reduzir, pois se passarmos este período de forma regular, daqui a quatro/cinco meses tudo será melhor’”.

Quando iniciar?

Mas, e quando iniciar a educação financeira? Segundo o economista, ela pode começar a partir dos 2 anos, no entanto, a mesma deve ser inserida com atenção. Em um exemplo simples, ele descreve que diante de qualquer compra será necessário, principalmente, ter foco. “Eu quero um objeto que custa R$ 30, mas eu só tenho R$ 20. Porém, aquele objeto pode ser substituído por outro. Então, a pessoa vai proporcionando essa educação mediante as situações as quais a criança passa”, explica. Ainda neste mesmo exemplo, ele ressalta, que, caso tenha sobrado algum valor em dinheiro, torna-se importante instruir o pequeno a poupar para uma próxima oportunidade de compra.

E quando o assunto é economizar, outra situação que permite a educação financeira é a famosa mesada – ação instituída para que os filhos obtenham valores e, consequentemente, adquira algo de seu interesse. No entanto, esta ação pode ser tanto benéfica quanto maléfica, pois se dada aos filhos sem explicações ou regras, isso fará a criança pensar que todo dinheiro vem fácil, e que não é importante poupar.

Atualmente, tal medida tem que ser levada a sério já por volta dos 7, 8 anos, pois é quando a criança já tem o conhecimento do valor do dinheiro. “Exemplo, saiu de casa e a criança quer comprar um objeto, e o adulto sabe que ela tem um dinheiro no bolso [mesada]. Então, o ideal é que o pai ou responsável não pague por ele, mas deixe a criança pagar. Assim, ela vai valorizar o dinheiro dela”. Já neste período de pandemia, o essencial é orientar para que a criança gaste menos do seu dinheiro, pois se fizer esta economia poderá gastar mais no futuro. 

Outro fator que deve ser fixado nesta formação é que lazer e consumo são coisas diferentes. Então, ao sair de casa, a criança não pode associar como um momento em que ela poderá gastar, mas sim, passear, explica o professor. Todos esses valores citados nesta reportagem, no entanto, são trabalhados em dois pilares, razão e emoção. “Em finanças trabalhamos com a razão e a emoção. E quando falo em emoção eu não posso trabalhá-la com pressão. É preciso apenas que a criança ou adolescente entenda que é necessário consumir somente aquilo que precisa, e que o desperdício em época de pandemia ou qualquer período que seja, tem que ser eliminado”, ressalta o economista.

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