Palmas, gritos, vaias, cartazes de protestos. Tais tipos de expressões foram empregados ontem, por moradores do Timburi, em Presidente Prudente, e seus apoiadores, na audiência que tratou da implementação do CGR (Centro de Gerenciamento de Resíduos) em uma área do bairro rural. Cerca de 350 pessoas lotaram o auditório da 29ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para participar da sessão de apresentação do EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) à comunidade, entidades, órgãos e autoridades envolvidos.
Cerca de 350 pessoas lotaram o auditório da OAB para participar da sessão, ontem
O acesso dos protestantes às dependências já foi marcado por confusão, antes mesmo do início do debate. Por conta disso, até o fechamento desta edição, quando a audiência ainda estava em andamento, a sede da OAB tinha segurança reforçada por vários seguranças particulares e pelo menos cinco viaturas da Polícia Militar.
A audiência foi presidida pelo secretário-executivo do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente), Germano Seara Filho, o qual explicou que tanto a empresa responsável pelo empreendimento quanto a população, bem como as autoridades e entidades envolvidas, poderiam se manifestar. No entanto, para tal, haveria necessidade de prosseguir um padrão já estabelecido pelo órgão para reuniões do tipo. Esclareceu que todos os assuntos abordados, bem como as manifestações da parte, comporão uma ata, a qual será analisada pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Após elaboração de parecer da agência ambiental sobre a viabilidade do empreendimento, este será encaminhado ao Consema, que dá a palavra final.
"A Cetesb recebeu um EIA/Rima de um empreendimento, o qual está no início de análise. Neste momento, estamos subindo um degrau, mas é uma escala longa até chegar a aprovar ou não", ressalta Germano. Na ocasião ainda expôs que os interessados ainda terão cinco dias após a audiência para protocolar informações que possam merecer análise na agência prudentina da Cetesb.
Toda a audiência foi acompanhada por um representante do 1º Cartório de Notas, e será formalizada em ata notarial. Na oportunidade, vereadores ainda pretendiam protocolar um ofício comunicando o Consema sobre o PL (Projeto de Lei) 50/17, aprovado no dia 20 de fevereiro, pela Câmara Municipal, o qual prevê que qualquer alteração no Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos de Presidente Prudente, aprovado pelo Decreto Municipal 23.017/2012, deverá ser precedida de três audiências públicas com intervalo mínimo de 30 dias em cada sessão.
Na luta
Moradora do Timburi há 50 anos, Eugênia Aparecida Mauro Marques, 72 anos, integrava o grupo que é contra a instalação do CGR no bairro. Em companhia do marido, filhos, netos e noras, se dirigiu à audiência com o intuito de "lutar pela sua terra". "Esse aterro vai comprometer tudo. Vai acabar com a nossa água, com o nosso sossego. Vai ser caminhão indo e vindo com lixo todo dia. Como vão ficar as crianças que usam as estradas para ir às escolas e para andar a cavalo?", questiona. Rosilda Guntendorfer Gonçalves, 57 anos, também casada, mãe de dois filhos e avó de um neto, conta que foi defender a chácara que tem no Timburi. "Moro na Vila Furquim, mas há 15 anos vamos direto para lá, toda semana, para cuidar da nossa terra, onde criamos galinhas, patos, gado, peixes. Então, vamos tentar impedir a instalação desse aterro e esperamos conseguir", diz.