Em evento sobre doação de órgãos, Carim aponta “grave crise na nefrologia” em Prudente

HR indica iniciativas para ampliar acesso à rede pública e reduzir filas de espera e Prefeitura ressalta obrigatoriedade da participação em licitação para convênios

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 28/08/2025
Horário 17:17
Foto: Cedida
“Doando Vidas” foi promovido por BPW, Carim, Banco de Olhos, Soroptimistas e Rotary Club
“Doando Vidas” foi promovido por BPW, Carim, Banco de Olhos, Soroptimistas e Rotary Club

“Em Presidente Prudente, há uma grave crise na nefrologia, com falta de especialistas e de assistência adequada, deixando inúmeros pacientes sem atendimento”. O apontamento é da Carim (Associação de Apoio ao Paciente Renal Crônico e Transplantado) que, em parceria com a BPW (Associação de Mulheres de Negócio de Presidente Prudente), o Banco de Olhos, a organização Organização Soroptimista Internacional e o Rotary Club Rosa dos Ventos, realizou, na noite desta quarta-feira, o evento “Doando Vidas”.
Como parte de uma campanha de conscientização sobre a doação de órgãos, um encontro foi promovido na sede da Acipp (Associação Comercial e de Inteligência de Presidente Prudente). Na ocasião, a Carim, através de sua presidente, Márcia Bueno Crosioli, destacou a importância do procedimento, lembrando o crescente número de pacientes renais crônicos. “Atualmente, muitas pessoas aguardam meses por uma vaga em hemodiálise, e as alternativas são o transplante renal ou, infelizmente, o óbito”, alertou.
Na oportunidade, uma palestra também foi ministrada pelo médico coordenador da Comissão de Transplante do HR (Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo), Fernando Ferrari, que abordou temas considerados fundamentais, como a segurança do diagnóstico de morte encefálica e a forma de abordagem às famílias no momento da autorização para a captação de órgãos. “Ressaltou-se que esse trabalho exige uma equipe preparada e sensível, visto que a decisão ocorre em um momento de grande fragilidade e dor”, detalha a Carim.
A entidade destaca que, no Brasil, mais de 78 mil pessoas aguardam na fila por um transplante de órgãos ou tecidos. “É importante reforçar que a constatação de morte encefálica é realizada em três etapas, sendo um processo seguro. Após a retirada dos órgãos, o corpo é restabelecido e entregue com dignidade à família”, frisa a Carim.

Desafios e limitações
Como entidade sem fins lucrativos, a Carim atua na prevenção e no tratamento conservador da doença renal crônica, mas alega que enfrenta “limitações por ausência de recursos financeiros”. Sendo assim, os atendimentos médicos realizados contam, em grande parte, com profissionais voluntários. 
Relata a entidade que, quando busca apoio de autoridades para ampliar o atendimento em nefrologia, frequentemente recebe negativas sob o argumento de que a especialidade é de responsabilidade dos governos estadual e federal ou que seria necessário firmar convênios com prefeituras para viabilizar o credenciamento, “mesmo diante de uma série histórica de atendimentos já comprovados”.
“A Carim segue empenhada em promover a conscientização sobre a doação de órgãos e em lutar por melhores condições de atendimento aos pacientes renais crônicos da região”, ressalta a entidade.

Atendimento especializado
Sobre os apontamentos da Carim, o HR, através da SES (Secretaria de Estado da Saúde), informa que oferece atendimento especializado de hemodiálise a 150 pacientes ambulatoriais, distribuídos em três turnos diários, com duração de quatro horas cada. Cada turno é composto por 25 cadeiras, permitindo a realização de até 75 atendimentos por dia. O serviço é estruturado para garantir “qualidade e eficiência”, com cada paciente recebendo atendimento três vezes por semana, totalizando 1.800 sessões mensais. 
Indica a pasta estadual que, além do HR, os procedimentos de terapia renal substitutiva (hemodiálise) pelo SUS (Sistema Único de Saúde), na região, também são realizados nas Santas Casas Prudente, Dracena e Presidente Epitácio. O atendimento é realizado com prioridade para os pacientes internados, seguindo classificação clínica e cronológica, por meio da Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde).
“Além disso, por meio da Tabela SUS Paulista, iniciativa inédita do governo de São Paulo para ampliar o acesso da população à rede pública de saúde e reduzir as filas de espera, e por meio do repasse complementar aos valores pagos pelo Ministério da Saúde, as instituições filantrópicas podem receber até cinco vezes mais pelos procedimentos realizados no âmbito do SUS, em comparação à tabela federal”, complementa a SES.
Já a Prefeitura de Prudente, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, esclarece que qualquer convênio ou contrato firmado depende obrigatoriamente da participação em processo licitatório, aberto a todos os interessados. “Inclusive a Carim poderá participar. A administração ressalta que a entidade já possui um termo de fomento vigente no valor de cerca de R$ 250 mil para promoção e prevenção da doença renal crônica, conforme plano de trabalho”, indica o Executivo.
O município destaca ainda que já realizou a doação do terreno onde será construída a sede do Hospital do Rim, avaliado em R$ 1,1 milhão, e reforça que permanece à disposição para o diálogo em busca de novas alternativas de cooperação.


Presidente do Carim, Márcia Bueno Crosioli, destacou importância da doação de órgãos durante evento

Arquivo/O Imparcial/Maurício Delfim Fotografia

No HR, pacientes passam por hemodiálise três vezes por semana, totalizando 1.800 sessões mensais

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