Em Prudente, 63% dos óbitos por acidentes de trânsito envolvem motocicletas

Segundo o Infosiga SP, dos 22 falecidos por sinistros, em 2023, 95,45% eram homens, e 12 vítimas estavam na faixa etária entre 18 e 34 anos

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 10/02/2024
Horário 04:00
Foto: Polícia Militar/Arquivo
Mais vulneráveis em caso de sinistros, motociclistas devem adotar condução defensiva
Mais vulneráveis em caso de sinistros, motociclistas devem adotar condução defensiva

Levantamento realizado pela reportagem no portal Infosiga SP, sistema do governo do Estado gerenciado pelo programa Respeito à Vida e pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), aponta que Presidente Prudente contabilizou, em 2023, 22 mortes decorrentes de acidentes de trânsito. Entre as vítimas, 14 estavam a bordo de motocicletas, o que representa 63,6% do total, que ainda soma sete pedestres e um último óbito cujo cenário não foi divulgado.

Quanto ao sexo dos falecidos pelos sinistros, 95,45% foram homens e 12 vítimas estavam na faixa etária entre 18 e 34 anos. Quanto ao tipo de acidente, oito pessoas foram atropeladas, sete foram por choque, seis por colisão e, o mesmo último, não informado.

O sistema, que reúne informações sobre acidentes de trânsito de diversos órgãos, ainda revela que, em Prudente, 68,18% das vítimas do ano passado faleceram em vias municipais e 31,82% em rodovias. Quanto ao local dos óbitos, 68,18% foram em hospitais e 31,82% no local do sinistro. Em relação ao tipo de vítima, 63,64% dos que morreram eram condutores, 31,82% pedestres e 4,55% constaram como não disponível.

Especialista em trânsito em Prudente, Luciane Napolitano, explica que, de acordo com a Lei 9.503, artigo 29, do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), sobre normas de circulação e conduta, os veículos de maior porte são responsáveis pela segurança dos menores. “Neste sentido, os condutores de veículos automotores precisam ter atenção redobrada e adotar a prática da direção preventiva. Estatisticamente, nos deparamos com um número expressivo de sinistros envolvendo motocicletas, que podem ser reduzidos com conscientização e comportamento seguro”, enfatiza. De acordo com a especialista, observa-se ano a ano um crescimento vertiginoso do número de motocicletas em circulação, sendo que, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 37.142 motos já circulavam na maior cidade do oeste paulista, em 2022. “Portanto, é essencial que cada um compreenda a vulnerabilidade do veículo de duas rodas aliando também o tamanho da responsabilidade de cada motorista na condução de veículos automotores. O respeito mútuo é fundamental”, promove.

Em relação ao fato de 95,45% das vítimas fatais serem do sexo masculino e doze estarem na faixa etária entre 18 e 34 anos, Napolitano argumenta que há fatores que impactam profundamente na ocorrência e gravidade dos sinistros de trânsito.

“Esses geralmente estão relacionados ao estilo de vida ao qual geralmente esse público está associado. Entre os fatores de risco relacionados está o uso do celular na direção, o excesso de velocidade e a combinação perigosa de álcool e direção.

Já as causas que contribuem para gravidade dos sinistros, destacam-se o não uso adequado dos equipamentos de proteção como o capacete e o cinto de segurança”, relata.

A especialista alega que, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), os sinistros de trânsito no Brasil têm um custo estimado de R$ 20 bilhões por ano. “Destacamos, além do impacto financeiro decorrente, por exemplo, da sobrecarga de hospitais públicos, gastos previdenciários, sinistralidade de carteiras de seguros e indenizações, o prejuízo maior e irreparável, são as vidas perdidas, e isso trata-se de um prejuízo incalculável”, alarma. “Medidas precisam ser emergentes, abrir diálogo entre gestores públicos, empresas e a sociedade para construir, em conjunto, soluções para uma mobilidade mais segura dos cidadãos, são alternativas que surtem resultados positivos. Precisamos humanizar o trânsito, e isso, é uma responsabilidade de todos”, completa.

Cuidados essenciais

Para a especialista e trânsito, reduzir o número de acidentes é um grande desafio que precisa ser enfrentado como prioridade. Cita que é necessário investimento efetivo em medidas de educação para o trânsito, na tentativa de torná-lo mais seguro, conscientizando os motoristas, ciclistas e pedestres da responsabilidade de cada um. “Essa conscientização deve começar na primeira infância, como disciplina integrada no ensino fundamental e médio, posteriormente, facilitando sua a compreensão quando este chegar na formação de condutores”, justifica. 

Ressalta que alguns cuidados são essenciais para prevenir os sinistros. “Como a motocicleta é a parte mais frágil em caso de colisão com outros veículos, cabe ao motociclista adotar uma condução defensiva”, alerta, ao citar alguns hábitos que podem diminuir as chances dos motociclistas se envolverem em acidentes, como: utilizar equipamento de proteção individual como capacete e manter a cinta jugular afivelada corretamente; seguir corretamente as datas de manutenções preventivas; respeitar a sinalização de trânsito, bem como a velocidade máxima estabelecida na via; redobrar a atenção e reduzir a velocidade ao se aproximar de cruzamentos; ficar atento aos pontos cegos, principalmente dos veículos maiores, como ônibus e caminhões, posicione-se de forma que você fique no campo de visão do condutor; e, em dias de chuva, reduzir a velocidade.

Quanto aos atropelamentos, Napolitano chama atenção para as regras para a travessia de pedestres definidas pelo CTB. Diz que, quando há uma faixa de pedestre ou uma passarela por perto, o cidadão deve fazer a travessia por elas. Se houver semáforo, as travessias devem ser feitas na faixa de segurança, sob sinal favorável. Quando não há semáforo, mas existe faixa, pedestres terão preferência sobre os veículos. Já em locais onde não há faixa, nem sinalização, o pedestre deve aguardar na calçada pelo momento oportuno para atravessar, sempre em linha reta e percorrendo a menor distância no menor tempo possível. 

“Tenha certeza de que o motorista notou a sua presença. É importante enfatizar ao pedestre que fique atento e não se distraia com o uso do celular, bem como, fones de ouvido, que também comprometem a segurança. A boa convivência entre esses usuários, depende basicamente do respeito aos direitos e deveres de cada um”, finaliza. 

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