Encontro discute a trajetória da literatura em PP

O estudo e a reflexão sobre as origens da literatura prudentina, comparando com a brasileira, devem ser analisados levando-se em conta duas vertentes: a histórica e a estética.

VARIEDADES - DA REDAÇÃO

Data 11/06/2013
Horário 09:45
 

Quatro escritores e um divulgador literário estarão reunidos nesta terça-feira, às 19h30, na Sala de Cinema Condessa Filomena Matarazzo, do Centro Cultural Matarazzo, de Presidente Prudente, para discorrer sobre a trajetória da literatura na cidade. Trata-se de mais uma Oficina Pedagógica de Caracterização e Diagnóstico Cultural.

Jornal O Imparcial Lincoln César será o mediador do encontro desta terça

O encontro, que terá como mediador o escritor e professor Lincoln César, contará com a presença dos profissionais convidados: Henriques Chagas (escritor), Rubens Shirassu Júnior (jornalista e escritor), Carlos Freixo (escritor), Iracema Caobianco (escritora e artista plástica) e Afif Salim Sarquis Fazzano (professora universitária). Todos os workshops têm entrada franca e podem participar todos os interessados.

Trata-se de uma excelente oportunidade de discutir e diagnosticar a história da literatura, seu desenvolvimento e trajetória, os profissionais envolvidos, os principais eventos que incentivaram e fomentaram a literatura em Prudente, sua importância e atuação na formação cognitiva de crianças, jovens e adultos e outros aspectos relevantes. A Secretaria Municipal de Cultura trabalha com o intuito de reunir as informações sobre a arte e a cultura na cidade, diagnosticando e mapeando a realidade.

O estudo e a reflexão sobre as origens da literatura prudentina, comparando com a brasileira, devem ser analisados levando-se em conta duas vertentes: a histórica e a estética. O ponto de vista histórico orienta no sentido de que, tanto as literaturas local e brasileira, são uma expressão de cultura gerada no seio da literatura portuguesa. Como até bem pouco tempo eram muito pequenas as diferenças entre a literatura dos dois países, os historiadores acabaram enaltecendo o processo da formação literária brasileira, a partir de uma multiplicidade de coincidências formais e temáticas.

A outra vertente (aquela que salienta a estética como pressuposto para a análise literária brasileira) ressalta as divergências que desde o primeiro instante se acumularam no comportamento (como imigrante pioneiro) do homem prudentino, além da miscigenação das raças, do cultivo das tradições, hábitos e costumes, que influem na composição da obra literária.

Em outras palavras, considerando que a situação do pioneiro tinha de resultar numa nova concepção da vida e das relações humanas, com uma visão própria da realidade, a corrente estética valoriza o esforço pelo desenvolvimento das formas literárias na cidade, em busca de uma expressão própria, tanto quanto possível original.
Os workshops antecedem a Conferência Municipal de Cultura, bem como a organização e implantação do Plano Municipal de Cultura.

 

Produção Alternativa

Para Shirassu Júnior, que começou a vivenciar em 1977, "a produção contemporânea deve ser entendida como as obras e movimentos literários surgidos nas décadas de 70 e 80 e que refletiram um momento histórico caracterizado inicialmente pelo autoritarismo, por uma rígida censura e enraizada autocensura". Seu período mais crítico, segundo ele, ocorreu entre os anos de 1968 e 1978, durante a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a extinção do ato, verificou-se uma progressiva normalização no País.

As adversidades políticas, no entanto, não mergulharam a Nação numa calmaria cultural. Ao contrário, as décadas de 70 e 80 assistiram a uma produção cultural bastante intensa em todos os setores. Na poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática social, como os textos participantes de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gullar. À deriva da sociedade, Roberto Piva, Cláudio Willer, Rodrigo de Haro, Roberto Bicelli, Antonio Fernando de Franceschi, Jorge Mautner e Raul Fiker, buscavam o desregramento estético e comportamental, influenciados por Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire, Antonin Artaud, Friedrich Nietzsche, André Breton e Salvador Dali.

Fora das regras acadêmicas, apresentavam-se também alguns pequenos grupos em luta contra o que chamaram "esquemas analítico-discursivos da sintaxe tradicional". Ao mesmo tempo, esses grupos propunham um novo sincretismo literário: surrealismo, antiautoritarismo, hedonismo, existencialismo e o equilíbrio com a natureza, difundido por Allen Ginsberg, Jack Kerouac, Lawrence Ferlinghetti, entre outros ícones da geração Beat. O sintoma mais importante desses movimentos esparsos foi o surgimento da poesia "marginal", que se desenvolve fora dos grandes esquemas industriais e comerciais de produção de livros.

"John Howard, Luiz Carneiro, Ronaldo Moura, Max e Dante Gatto, Paulo Trevisani Júnior, Chico da Bota e eu sempre acreditamos na escrita intuitiva e automática do fluxo de consciência, e era visível o embate com as regras impositivas e a miopia da ideologia do trabalho, por isso, sempre tivemos choques com os movimentos políticos populistas de esquerda e de direita em Presidente Prudente. Éramos rotulados de loucos, anarquistas, visionários e estigmatizados como escritores ‘malditos e alternativos’", destaca Shirassu Júnior
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