Entidade busca visibilidade às demandas dos cegos

Com sede em Prudente, associação necessita de novos voluntários para atender aos pedidos do público atendido, como aulas de artes e serviços de saúde e de orientação e mobilidade

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 02/09/2018
Horário 06:29
José Reis - Soroban é uma das atividades ministradas aos atendidos pela instituição
José Reis - Soroban é uma das atividades ministradas aos atendidos pela instituição

“O fato de não verem não significa que eles não devem ser vistos”. Esta é uma das premissas que movem a nova diretoria da Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos de Presidente Prudente, cujo trabalho quer garantir visibilidade às principais demandas do público atendido, formado por 76 pessoas com deficiência visual, sendo 64 do município e 12 vindas de outras cinco cidades da região, como Estrela do Norte, Pirapozinho, Presidente Bernardes, Regente Feijó e Taciba. Embora a entidade tenha o aporte financeiro das prefeituras conveniadas, que, juntas, repassam a soma mensal de R$ 20 mil, a receita não é suficiente para prover aos assistidos todas as atividades necessárias para fomentar a sua integração, socialização e autonomia.

Isso porque, do total transferido, 70% são destinados ao custeio da folha de pagamento, composta por 12 monitores. Como o restante dos recursos possui destinação específica, como despesas com alimentação e consumo de água e energia, a contratação de novos funcionários é inviável. A alternativa, portanto, é o voluntariado. Contudo, a instituição dispõe de apenas um filantropo.

Nesse sentido, um dos principais pedidos da nova mesa diretora é a adesão de voluntários que possam ministrar aulas de dança, música e informática e encontros para contação de histórias, além de pessoas que façam massagem nos atendidos e promovam atendimentos de saúde e de orientação e mobilidade. As reivindicações foram apresentadas pelos próprios atendidos durante uma reunião realizada recentemente na unidade. De acordo com a assistente administrativa e financeira, Ana Paula da Silva, estas atividades complementariam uma gama de serviços já oferecidos pela associação, como braile, soroban, educação física, informática, atendimentos psicológico e fisioterapêutico, serviços gerais, limpeza e alimentação.

Como a maior parte dos assistidos é adulta e idosa – são sete crianças, dois adolescentes, 43 adultos e 24 idosos –, a instituição necessita, sobretudo, de projetos voltados ao público majoritário. Ana explica que os interessados em compor o quadro podem ligar para o telefone 3223-2511 e agendar uma visita à entidade, a fim de conhecerem o espaço e os trabalhos ali desenvolvidos. O atendimento é feito de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h30.

Representatividade

Uma das novidades da nova diretoria é que, pela primeira vez na história da instituição, uma pessoa com deficiência visual ocupa o cargo de vice-presidente. Trata-se de Jorge Camilo Isper, 79 anos, que foi atendido pela entidade durante seis anos antes de compor a mesa. Uma vez que, ao longo de todo esse período, vivenciou as necessidades dos atendidos, o representante afirma ter conhecimento sobre as principais demandas de uma pessoa com deficiência visual e irá lutar para defendê-las e conquistá-las. Diagnosticado com cegueira total, ele descobriu neste espaço uma “segunda casa”. “A associação me amparou desde o início e permitiu que eu encontrasse novas ocupações para me manter ativo e menos ocioso”, expõe.

A professora aposentada Elizabeth Maria Viana Lorencetti, 64 anos, possui baixa visão e viaja de Bernardes até Prudente para receber o atendimento da entidade. Ela diz ser muito grata ao local, mas reconhece que, em função da receita apertada, nem tudo pode ser oferecido para os usuários. No entanto, mantém expectativas altas em relação à nova diretoria, uma vez que acredita que novas ideias surtirão novos resultados e ganhos para o público assistido. “É muito importante que corram atrás dessas demandas para que nós, pessoas com deficiência visual, tenhamos a oportunidade de desenvolver nossa autonomia”, avalia.

 

SAIBA MAIS

A Associação de Proteção aos Cegos atende 54 pessoas de baixa visão e 22 cegos. Em se tratando de demanda, a instituição recebe todas as pessoas com deficiência visual de Prudente que estejam interessadas em participar dos serviços oferecidos no local. Já em âmbito regional, explica que o acolhimento é feito mediante convênio junto com a Prefeitura, uma vez que a entidade precisa ter os repasses garantidos. A unidade está localizada na Rua Thomaz Matheus, 500, no Jardim Itapura I. Já o telefone para contato é o 3223-2511, por meio do qual pode ser feito o agendamento de pessoas interessadas em se voluntariar.

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