Entrevista - "Preciso ser um novo secretário”

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 28/12/2016
Horário 08:48
 

José Fábio Sousa Nougueira


SECRETÁRIO DE CULTURA


 

José Fábio Sousa Nougueira, que em mais um governo de Presidente Prudente será o titular da Secult (Secretaria Municipal de Cultura) – 2017-2020 - faz um balanço da pasta que fecha 2016 com um total de 712.372 acessos em todas as atividades oferecidas à população prudentina e visitantes de cidades da região. Ele fala da tristeza da não realização da 23ª edição do Fentepp neste ano, da sua atuação pela sétima vez dentro da gestão municipal, de novos projetos no setor, como o 1º Encontro Nacional de Contadores de Histórias, previsto para ocorrer em maio, e também de metas pessoais em seu posto.

Jornal O Imparcial Fábio Nougueira continua na pasta da Cultura na próxima gestão

 


Tem mudanças na Cultura em 2017? Você permanece?

Sim . Achei que minha parte tinha terminado, mas o Nelson me convidou para ficar, estamos aí. Eu converso muito com ele sobre toda a cidade, mas nos reuniremos para falarmos, especificamente, sobre a cultura, o que amplia, se vai ter corte ou não.

 

Após o anúncio de que seriam finalizadas as Oficinas Culturais Timochenco Whebbi, você foi até a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e conseguiu de certo modo manter as atividades na cidade. Como fica essa iniciativa?

Está tudo certo, entre essa semana e a outra todo acervo das oficinas serão transferidos para o Centro Cultural Matarazzo, por ordem do Estado, onde funcionarão as oficinas. E já no início do mês, o prefeito Nelson deve ir a São Paulo assinar o convênio. Todo o dinheiro que era destinado às oficinas de Prudente será transferido por convênio para a Prefeitura que obrigatoriamente deverá ser utilizado, exclusivamente, em oficinas. Não pode ser usado para outro fim.

 

Existe a possibilidade da implantação da Escola Municipal de Dança?

Faz parte do plano de governo do Nelson a implantação de dois novos cursos na Escola Municipal de Artes Professora Jupyra da Cunha Marcondes: teatro e dança, que legalmente a escola pode, pois está dentro do seu estatuto. Agora, não dá para dizer é que isso será realizado no primeiro semestre, pois depende de uma série de coisas como cotação orçamentária, impacto financeiro, como serão contratados os funcionários, se serão concursados ou terceirizados. A coisa não é tão simples como parece, mas que será feito é fato.

 

Fentepp. Após 23 edições o evento não aconteceu em 2016. O que esperar para 2017?

O Nelson tão logo foi eleito já começou a conversar sobre a realização em 2017.

 

Já tem uma programação para a comemoração do Centenário de Presidente Prudente?

Nada definido ainda. Mas, o Nelson montará uma comissão para esta questão e eu devo participar dela. O que posso adiantar é que estamos montando um projeto para apresentar ao prefeito em pegar 100 dias antes de 14 de setembro e realizar cem eventos por dia em cem lugares diferentes dentro dessa programação.

 

Como ficam os projetos já existentes? Tem novos vindo por aí?

A secretaria já tem uma série de eventos tradicionais quais ninguém nem mexe, e a própria comunidade não permitiria. Mas, o Nelson tem novos projetos que devem ser implantados ou receberão uma atenção além do que já existe, ampliado, melhorado. Como de 15 a 17 de setembro, o Festival Especial de Cinema – Pontos MIS que objetiva abranger o cinema não-comercial revisitando as principais personalidade do cinema mundial. Mensalmente, o Arte na Laje – Programa de Ocupações com oficinas abertas, bate-papos sobre processos criativos, modos de produção, vivências e temporadas, nas linguagens de teatro, dança e música, aos artistas. O Lê no Ninho , lançado agora em dezembro, que tem a proposta de estimular a interação e incentivo de crianças de 6 meses a 4 anos e o 1º Encontro Nacional de Contadores de Histórias, em maio, que pretende propiciar diferentes situações de contato com a arte da narração, a fim de inspirar ações educativas, culturais sociais e estéticas que ressaltam a importância das narrativas no mundo de hoje.

 

Quais as vitórias. Pontos positivos na Cultura neste ano?

Eu não ressaltaria apenas 2016, mas os pontos mais importantes na área de Cultura no governo, nesses oito anos, do prefeito Milton Carlos de Mello, Tupã foram: dar vida ao Centro Cultural Matarazzo, que hoje é um ser vivo, pulsante e o IBC Centro de Eventos. Além, do CEU Professor Samoel Brondi, praças culturais em convênio com o governo federal. A estabilidade, infelizmente, alguma coisa teria que ser cortada neste ano, e lamentavelmente foi o Fentepp. E mesmo diante de tanta dificuldade, a pasta fecha 2016 com um total de 712.372 acessos em todas as atividades oferecidas à população prudentina e visitantes de cidades da região.

 

As pessoas podem perguntar: por que o Fentepp se é o evento mais antigo? Qual a resposta?

Porque além do município estar com dificuldades econômicas o Estado deixou a parceria e o peso ficou maior. Se tivesse permanecido, teríamos feito uma readequação de valores, talvez um evento menor, mas sem essa parceria não teve o que fazer. Podemos dizer que nos últimos anos, este foi o mais difícil com essa crise econômica. Mas, não só para a Cultura, para os outros setores também. Tivemos que driblar mesmo, a equipe teve que ser melhor do que já é. Eu sempre digo a eles que trabalhar tendo dinheiro não é difícil. Agora trabalhar com pouco ou sem, aí é a hora de mostrar quem é bom ou ruim.

 

Fábio fale sobre sua trajetória de tantos anos na prefeitura.

Eu entrei na prefeitura no governo Virgílio Tiezzi, quando ainda não existia a Secretaria de Cultura e eu atuava como um produtor cultural. Embora ele tenha ficado prefeito durante seis anos, por conta de readequação de datas, estive em quatro deles, como chefe do Departamento de Cultura, dentro da Coordenadoria de Cultura. E quando pedi demissão, em 1988, para ir para Unoeste onde fiquei 21 anos como diretor de Cultura, trabalhei então os três governos do professor Agripino de Oliveira Lima e os dois do Tupã. E agora do Nelson. São seis governos onde entro para o sétimo.

 

Você é o homem da Cultura?

Não, não. Olha, não é por um lado de empafia ou ser metido à besta, mas tive uma felicidade grande de todos esses governos me convidarem para trabalhar com eles. Eu nem trabalhava na prefeitura e o Tinho, Hilton Nogueira Ferreira disse: ‘vem trabalhar com a gente’. Eu fui.

 

Muitos podem perguntar se você tem noção do que fez pela Cultura? Tem ideia?

Não. Sabe o que acontece? Eu sempre acho pouco o que faço. Queria que fosse mais e mais. Volto a dizer, mesmo ciente de que era o que tinha que ser feito, a não realização do Fentepp foi um banho de água fria que levei. Ao ponto de ter passado pela minha cabeça não participar mais do próximo governo. A impressão é de que cometi um erro. Uma pessoa chegou e me questionou: ‘Fábio foram mais de 20 edições que você fez, ainda se sente culpado por não conseguir neste ano difícil?’ Mas, isso de me condenar, me cobrar é algo que tenho desde criança. Sabe o que mais me irrita, é a pessoa questionar algo e estar certa. E não ter como eu contestar. Corro atrás, tento dar o máximo de mim para que tudo aconteça. Infelizmente, essa tristeza me pegou em 2016. É complicado.

 

2017. O que espera Fábio Nougueira pessoa e o secretário?


A minha grande obra para o próximo ano, que estabeleci para mim não é física, material. Não é visível para a população. E se eu não conseguir atingir meu objetivo, peço para o Nelson para me retirar do governo. Não por ter nada contra o governo. E se perguntarem que objetivo tão sério é esse explicarei: ‘eu preciso ser um novo secretário de Cultura, como se o prefeito eleito tivesse colocado uma outra pessoa no cargo. Preciso rever os erros, ser muito crítico, tenho que avançar, mudar algumas posturas minhas, é um processo de evolução mesmo. Preciso dar aos meus 54 anos de vida uma jovialidade, uma juventude, mantendo a experiência, sem virar algo arcaico, burocrático. Quero estar com os funcionários ajudando carregar o som, montar coisas, afinar uma luz... Se eu conseguir ser esse Fábio de 20 anos atrás eu conseguirei fazer a minha grande obra. A pasta precisa do ‘novo’. Ainda que seja em mim. Vou propor ao prefeito montar um conselho para mim, com umas cinco pessoas que possam ter a liberdade de discutir comigo alguns assuntos, me puxarem a orelha quando preciso. Quero e preciso me abrir para isso.

 

 
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