Epitácio estuda implantação de trem turístico

REGIÃO - Jean Ramalho

Data 29/05/2016
Horário 11:25
Única cidade da região inscrita no Dade (Departamento Estadual de Desenvolvimento das Estâncias), da Secretaria Estadual de Turismo, Presidente Epitácio busca uma alternativa para fomentar ainda mais o turismo em seu território. Porém, desta vez, o investimento não viria através das belezas naturais do município, mas sobre trilhos, mais especificamente a antiga estrada de ferro Sorocabana. Isto porque a cidade estuda promover a implantação de um trem turístico, que ligaria a antiga estação ferroviária até a colônia húngara Arpad, por um trecho de aproximadamente 11 km. Para isso, a Prefeitura já teria conseguido quatro vagões de passageiros junto ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e agora busca o apoio da iniciativa privada para tirar o projeto do papel.

Encabeçado pelo vereador Marcirio Agustinho Vera Rolim (PR), o projeto começou a ser pensado em meados de 2013. Naquela época, o político diz que a intenção era implantar o trem turístico desde Presidente Prudente até Epitácio, contudo, após tratativas com as outras seis cidades no percurso, o mesmo foi arquivado. "Foram feitas algumas reuniões com representantes de municípios desse trecho na tentativa de se formar um consórcio. Mas, diante das dificuldades, Epitácio ficou sozinha nessa empreitada", comenta o vereador.

Perante as negativas, Marcirio diz que não desistiu do projeto, mas decidiu reduzi-lo. Para viabilizá-lo, o político teria realizado viagens para conhecer o funcionamento do trem turístico de Curitiba, no Paraná, e vislumbrou possibilidades de implantar algo semelhante na região. Foi então que um especialista de São Paulo teria sido contratado para fazer um levantamento da viabilidade e dos impactos desta implantação.

Com o estudo em mãos, o vereador recorreu aos órgãos competentes e teria conseguido junto ao Dnit a doação de quatro vagões de inox para transporte de passageiros, pertencentes à antiga Fepasa (Ferrovia Paulista S/A). Os vagões estariam na cidade de Bauru (SP), e agora o político estaria tentando viabilizar alternativas para buscá-los. "Estamos analisando a questão logística para trazer os vagões", reforça.

 

Busca de apoio

Enquanto os vagões não desembarcam em Epitácio, o político diz que continua, com o apoio da Prefeitura, a buscar interessados em abraçar o projeto junto à iniciativa privada. "A operação teria que vir de empresas privadas, pois a Prefeitura não teria condições de manter o transporte. Então, durante os finais de semana, o trem poderia transportar os turistas e, durante a semana, beneficiar entidades, escolas e instituições da própria cidade", pontua o idealista.

Em uma das visitas às potenciais operadoras do trajeto, o vereador conta que uma empresa de Curitiba teria demonstrado interesse. Entretanto, até que seja efetivado o projeto não existem prazos, uma vez que falta até mesmo conseguir a locomotiva para movimentar os vagões. "Estamos buscando paralelamente a aquisição de uma locomotiva, seja doada, consignada ou cedida. Estamos, inclusive, estudando a possibilidade de utilizar recursos do Dade, ou seja, estamos buscando em todas as fontes possíveis, inclusive da iniciativa privada", ressalta.

 

Posições oficiais

Para conseguir colocar em prática o projeto, Epitácio teria que ter a autorização da ALL (América Latina Logística), atual detentora dos trilhos que cortam a região de Prudente. No entanto, a concessionária afirmou, em nota, que até "apoia projetos de preservação da memória ferroviária, porém, é uma concessionária de transporte de cargas, não de passageiros". Sendo assim, "qualquer projeto nesse sentido deve ter uma análise técnica da empresa, mas que posteriormente deve ser aprovada pela ANTT ".

Procurada, a ANTT expôs que "o atual contrato de concessão do trecho citado estabelece à concessionária apenas a obrigação de prestação de serviço de transporte ferroviário de cargas". Todavia, o órgão ressalta que "há previsão no contrato de permitir a passagem de até dois pares de trens de passageiros por dia". Para isso, o transporte de passageiros dependeria, para sua efetivação, "de prévia outorga pelo poder concedente, bem como da celebração de um contrato operacional específico entre a outorgada e a concessionária da malha, com vistas a disciplinar a circulação de trens de passageiros no trecho".
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