Escolas estaduais deixam de dar 10 mil aulas

O objetivo de entrar em uma sala de aula e assistir ao conteúdo ministrado por professores não tem sido uma realidade em escolas estaduais da região de Presidente Prudente. A prática, para muitos alunos, tem sido bem diferente, conforme dados divulgados ontem pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial Estado de São Paulo). O levantamento feito em 45 escolas constatou que 10.038 aulas vagas foram contabilizadas somente no primeiro semestre deste ano (veja tabela). Em uma só unidade, 844 aulas não foram ministradas. Por sua vez, o Estado, por meio da dirigente regional de ensino, Naide Videira Braga, ressalta que, “em muitos casos, o aviso de falta do professor chega em cima da hora”, inviabilizando o docente substituto de dar a aula em questão. Ela observa que o total de 10.038 aulas vagas corresponde a 9% do total de aulas previstas para o primeiro semestre.

De acordo com o coordenador regional da Apeoesp, William Hugo Correa dos Santos, a pesquisa foi feita entre os dias 11 de setembro e 17 de outubro, referente às aulas que não ocorrem na rede, através de escolas e com base nos números informados pela Diretoria de Ensino. A regional da Apeoesp de Prudente é a primeira a realizar o estudo. “A avaliação é negativa pelo grande número de ausência de aulas. Isso mostra que a rede não tem professores substitutos que supram a necessidade”, expõe.

Ainda conforme William, a falta dos professores, em muitos casos, é “inevitável”, mas outros fatores levam em conta a insegurança dos profissionais. “Não há estrutura e boas condições de trabalho, além da superlotação das salas de aula e violência contra os professores”. Outro fator destacado pelo coordenador e agravante da situação é a falta do professor mediador dentro das salas de aula. “No início do ano, o governo do Estado desligou todos os mediadores de escola com o projeto Escola da Família, que foram substituídos por vice-diretores, que não são capacitados ou têm cursos para mediar ensino dentro da sala de aula”, considera.

“Pode piorar”

Segundo William, os dados são referentes aos dois primeiros bimestres do ano, que estão inclusos dentro do primeiro semestre, mas não levam em consideração o terceiro bimestre, o que pode caracterizar uma situação ainda mais preocupante. “Todos os profissionais da área comentam que no terceiro bimestre os números de aulas vagas foram bem maiores, o que pode piorar e aumentar significativamente os números totais. Já solicitamos através de oficio os números deste período que falta”, ressalta.

“O problema não é a falta de profissionais substituindo e sim que, em muitos casos, o aviso de falta chega em cima da hora”

Naide Videira Braga,

dirigente regional de ensino

Escolas em números

Algumas unidades de ensino estadual de Presidente Prudente se destacam no número de aulas vagas. A Monsenhor Sarrion está no topo da lista com o maior número (844), seguida pela escola Florivaldo Leal (692) e Francisco Pessoa (653). Algumas escolas não apresentam aulas vagas no período analisado, como a Professora Maria Luiza Bastos e Professora Maria Luiza Formozinho Ribeiro. De acordo com William, o fato de não apresentarem dados na tabela ou baixo número se dá à reposição de aulas feitas no meio do ano por algumas unidades.

Em um comparativo, para se ter uma ideia, ao pegar o valor total de aulas vagas (10.038) e direcionar para a Monsenhor Sarrion, que tem 17,7 mil aulas/ano, os alunos foram dispensados das aulas em um equivalente a seis meses. Já na Professora Maria Luiza Bastos, que tem 10,7 mil aulas/ano, o valor total corresponde a um ano sem aula na unidade.

“Dados reversíveis”

A dirigente regional de ensino, Naide Videira Braga, afirmar estar em contato diariamente com a realidade das escolas e avalia os números de aulas vagas como “preocupantes, mas reversíveis”. “Temos o controle dessa situação, pois as 10 mil aulas estão sendo repostas desde o segundo bimestre e seguem até novembro, normalmente aos sábados”, afirma.

Questionada sobre a reclamação da Apeoesp da falta de professores substitutos, Naide ressalta que a Diretoria de Ensino conta com 290 profissionais contratados para eventuais faltas, além de 349 professores com estabilidade no Estado e outros 852 efetivos. “O problema não é a falta de profissionais substituindo e sim que, em muitos casos, o aviso de falta chega em cima da hora”. A dirigente ressalta o direito do professor de se ausentar, como em “todas as profissões”, e salienta que o total de 10.038 aulas vagas corresponde a 9% do total de aulas previstas para o primeiro semestre.

NÚMEROS

45

unidades integram levantamento da Apeoesp

10.038

aulas não foram ministradas no 1º semestre

844

aulas vagas foram contabilizadas na EE Monsenhor Sarrion

13

Escolas da região não tiveram aulas vagas

 AULAS NÃO MINISTRADAS NO 1º SEMESTRE DE 2017 NA REGIÃO DE PRUDENTE

Fonte: Apeoesp