Esperanças do outro lado do oceano...

Para tratamento de um câncer de mama, angolana cruzou o Atlântico, e por intermédio da cunhada, se instalou em PP

O IMPARCIAL TV - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 21/01/2020
Horário 05:07

Presidente Prudente, mais do que nunca, se destaca no cenário nacional no tratamento contra o câncer. Atualmente, como já divulgado em dezenas de reportagens deste diário, o HRCPP (Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente) já atende diversos pacientes que se tratam contra a doença, e dia após dia, tem sua capacidade ampliada e procedimentos modernizados.

Se tratando no hospital, inclusive, está alguém que vem do outro lado do Oceano Atlântico. A geóloga Iolanda Catarina Rufino de Cata, 47 anos, desde 2019 está em Presidente Prudente, realizando tratamento contra um câncer. Ela vem da Angola, país que possui muitas semelhanças com o Brasil, em especial o povo animado e carismático, características evidenciadas em seu sorriso aberto. A história de Iolanda com Prudente, entretanto, é mais antiga e tem início em 2009.

A primeira vez que a geóloga foi acometida pela doença foi ainda na primeira década do século. Em 2009, quando em um dia, estava deitada em sua casa em Luanda, capital da Angola, junto de seu marido, assistindo uma novela, coincidentemente exportada para o país pela TV Globo, Iolanda se deparou com uma cena que tratava do câncer de mama, doença pouco divulgada no país africano, e que orientava sobre a prevenção. Nesse instante, ao apalpar o seio, ela percebeu um nódulo e prontamente ficou em alerta.

Na época, com 36 anos, a angolana se assustou bastante, mas não foi tão logo ao médico, só tomou essa decisão quando percebeu que o tumor estava crescendo. Os exames de imagem não demonstravam algo preocupante, mas Iolanda insistiu até que um médico fizesse a biopsia. Sequer esperou os resultados e decidiu que com recursos próprios, embarcaria para o Brasil. “Os médicos de Angola orientam quem possui condições, de se tratar em outro país, a medicina de lá está atrasada em relação ao Brasil”, ela explica. 

Iolanda desembarcou no Rio de Janeiro, onde refez exames, e em biópsia foi confirmado o câncer de mama. Para o tratamento, a cunhada de Iolanda, brasileira, mulher de seu irmão, e residente em Piquerobi organizou sua vinda para Presidente Prudente. Na ocasião, realizou tratamento na Santa Casa de Misericórdia, conheceu o grupo Amigas do Peito e a casa de acolhimento Tra Noi, onde, depois de passar por casas de amigas e conhecidas, se instalou definitivamente.

O tratamento se encerrou com sucesso em 2011, e ela pôde, finalmente, retornar para sua terra natal, junto de seu marido e seus dois filhos, um menino e uma menina. Em 2019, entretanto, ela novamente notou um nódulo, desta vez em sua axila: Havia começado outra vez a batalha. Desta vez o destino imediato de Iolanda foi Presidente Prudente, e o hospital, o HRCPP, especializado na doença que a acomete. Outra vez a Tra Noi abriu os braços à africana.

Ela passa, atualmente por tratamento, que outra vez é exitoso. Tudo dá certo porque ela considera o Brasil, e especialmente Prudente, sua segunda casa. “A cidade é calma, tranquila, me sinto muito bem aqui. Eu tenho base de comparação com meu país, lá temos tantos recursos como aqui, mais ainda falta consciência política e humanitária, até porque passamos por uma guerra civil recente”.

GUERRAS PESSOAIS E GUERRAS CIVIS

Torna-se mais fácil para Iolanda viver no Brasil enquanto filhos adolescentes, o marido, pais e parentes vivem na Angola, pela presença da cunhada brasileira e dos sobrinhos. Seu irmão, mandado pelos pais a Portugal, a fim de fugir do serviço militar que o colocaria dentro da Guerra Civil de Angola, conheceu em terras Lusitanas a esposa Brasileira. Em busca de melhores condições de vida durante a crise mundial iniciada em 2008, o casal e filhos saíram da Europa, foram primeiro para Angola, onde as crianças não se adaptaram, e depois para o Brasil, terra da esposa. O irmão de Iolanda teve câncer e faleceu, no entanto seu legado continua instalado em Piquerobi, sendo importante, inclusive para o tratamento e recuperação da irmã. Além disso, a fé em Jesus a mantem forte, ela diz: “Em Cristo temos mais força”.

 

 

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