Estudioso lembra história da fundação do município

O historiador Ronaldo Macedo conta detalhes dos primórdios e da trajetória desta que é a maior cidade da região, e que hoje completa seu centenário

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 14/09/2017
Horário 14:09
Cedidas/Acervo Museu e Arquivo Histórico, Tropeiros chegaram a terras prudentinas montados em cavalos
Cedidas/Acervo Museu e Arquivo Histórico, Tropeiros chegaram a terras prudentinas montados em cavalos

O rumor das matas, o canto lírico das águas dos córregos e rios, pássaros sobrevoam um céu azul, enquanto animais silvestres levantam poeira do solo fértil, desenhando o que viriam a ser ruas, avenidas... por onde circulariam e se instalariam milhares de pessoas em ranchos e casebres, hoje uma selva de pedras, com tantos arranha-céus. Tropeiros chegavam montados em seus cavalos, atravessando percursos possíveis a pé ou com animais. No lugar da malha asfáltica, o calçamento era a própria terra batida e algumas ruas tinham calçamento feito de pedras. Ah, como eram bonitas aquelas pedras!

Essa é a visão que alguns têm ao fechar os olhos para tentar imaginar a sua querida Presidente Prudente lá atrás, quando apenas os índios habitavam essas terras. Depois, os coronéis Francisco de Paula Goulart e José Soares Marcondes chegando para desbravá-las. Pois é, todo esse saudosismo toma a maioria dos filhos de Prudente que, nesta quinta-feira, 14 de setembro, completa majestosa os seus 100 anos.

E, não dá para falar do centenário do município que acolhe tantos outros ao seu redor, sem narrar detalhadamente a história da capital do oeste paulista. O que faz com maestria o historiador Ronaldo Macedo.

 

Conquistando seu espaço

Ronaldo começa a “conversa” já enfatizando que Prudente foi conquistando um espaço, que outras cidades da região não conseguiram. Ela nasceu depois de muitas outras, como Indiana e Presidente Epitácio, que são de 1907; Santo Anastácio (1916); Regente Feijó e Presidente Bernardes, no mesmo ano, Rancharia que já era um posto da ferrovia e virou uma cidade. Olhando para esse detalhe, percebe-se que Prudente assume o controle administrativo de uma região inteira e vai se tornar um polo. E não só por isso. Já no seu início, ela atrai indústrias de beneficiamento, como muitas serrarias, casas de material de construção, traz energia. Ou seja, Prudente começa a trazer para si a responsabilidade de administrar toda uma região, não à toa, em 1970, virou uma região administrativa, a capital dela, com uma série de órgãos estaduais se instalando no município.

 

Valorização do passado

Ronaldo se alegra ao falar sobre a transformação do IBC Centro de Eventos, antigo Instituto Brasileiro do Café, e do Centro Cultural Matarazzo. Uma área morta, que estava parada no tempo, não evoluía, com a criminalidade fervendo, e que ganhou vida novamente com sua reurbanização. São dois locais valiosos, pérolas naquela área do Parque Furquim e Vila Marcondes, respectivamente. E outras tantas que estão merecidamente ganhando um novo olhar.

“Definitivamente, áreas degradadas precisam ser uma preocupação da cidade ainda hoje. Claro que não tem que se congelar a cidade e sair tombando tudo que se vê pela frente, mas tem determinadas coisas que precisam ser mantidas, preservadas, para que as futuras gerações saibam, conheçam o que aconteceu”, defende o historiador. “Por que o desfile da cidade é feito na Washington Luiz? Porque ali está a estação, um ponto de referência, onde chegou um dos fundadores. Vamos preservar a ferrovia que foi um meio de transporte importantíssimo dessa cidade que é acolhedora, que dá oportunidade para quem quiser aproveitar, eu sou prova disso, cheguei aqui de São Paulo em 1984 e fui tão bem acolhido, que nunca mais quis sair daqui!”, exclama o historiador.

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