Com o aporte do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), estudos desenvolvidos em integração de ambiente e tecnologia em Presidente Prudente utilizam nanopartículas para desenvolver materiais de construção civil antimicrobianos.
O desenvolvimento de tintas com adição ou recobrimento de nanopartículas resulta em materiais autolimpantes. Os resultados obtidos vêm demonstrando grande potencial e eficácia dessas tintas funcionalizadas em ambientes hospitalares.
A nova tecnologia atua contra diversos patógenos/microrganismos, tais como as bactérias Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa e o fungo Aspergillus niger.
Além de poderem ser aplicados para evitar infecções hospitalares e contaminações, os novos materiais têm utilidade na agroindústria, reduzindo a proliferação de fungos que acometem a estocagem de grãos e liberam substâncias tóxicas.
A adição de nanopartículas também se destaca em outros campos, como o tratamento de efluentes, que são resíduos provenientes de indústrias, esgotos e redes de captação e escoamento de águas pluviais.
Nesse sentido, estão sendo desenvolvidas nanopartículas magnéticas para o tratamento de águas contaminadas com poluentes orgânicos por degradação fotocatalítica sob luz solar ou UV (ultravioleta).
A questão central de funcionalizar as nanopartículas com propriedades fotocatalíticas com um metal magnético é possibilitar a remoção e reutilização posterior, reduzindo a necessidade de filtros para reuso ou mesmo a perda após o tratamento.
Os estudos são desenvolvidos em uma das vertentes trabalhadas pelo Grupo Ambiente e Tecnologia, liderado pela professora doutora Angela Kinoshita e que inclui bolsistas do nível de pesquisa 2, pelo CNPq.
Pelo PDPG (Programa de Desenvolvimento da Pós-graduação) Pós-doutorado Estratégico, estão envolvidos os professores doutores Jacqueline Tamashiro e Fábio Friol Guedes de Paiva.
O estágio de pesquisa é ofertado pelo PPGMadre (Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional), mantido pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista).
As duas bolsas de pesquisa de pós-doutorado são para a execução do projeto iniciado em setembro de 2022, com a conclusão em outubro deste ano. Os dois pesquisadores são arquitetos e urbanistas.
As pesquisas ocorrem nos laboratórios de microbiologia, de química e de construção civil da Unoeste. O ponto de partida foi com edital da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior), para a seleção de bolsistas.
Em 2023, foi publicado edital interno para IC (Iniciação Científica), resultando em quatro alunos que trabalham dentro do tema e oito alunos em temas afins de biomateriais com nanopartículas, também visando o estudo da atividade antimicrobiana.
Além disso, conforme conta Ângela, os estudos deram origem a duas pesquisas de mestrado e uma de doutorado. Os alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado são de diferentes áreas. As graduações são em Medicina, Engenharia Civil e Química.
A união de conhecimentos interdisciplinares tem possibilitado o aprofundamento técnico das pesquisas pertinentes em promover ambientes mais seguros para a sociedade, conforme os professores envolvidos.
Inseridos no grupo desde 2023, os alunos da Famepp (Faculdade de Medicina de Presidente Prudente), João Gabriel Katsumi Utimura e Nathália Toyokawa Manteiga, manifestam encantamento com o projeto.
“Isso traz nova perspectiva sobre o ambiente hospitalar. Para a formação médica, é muito importante conseguir visualizar na prática a aplicação do desenvolvimento de novo material antimicrobiano”, pontua João Gabriel.
“Essa participação nos permite ter uma visão mais integral, um conhecimento mais completo, especialmente no internato [atuação em unidades de saúde], onde infecções são assuntos recorrentes”, comenta Nathália.
Formada em química, a aluna do mestrado em Meio Ambiente, Lays da Silva Sá Gomes, vê como grande oportunidade poder por em prática seus conhecimentos na pesquisa sobre nanopartículas magnéticas no tratamento de efluentes.
O engenheiro civil egresso da Unoeste, Vitor Peixoto Klienchen de Maria, faz o doutorado em Meio Ambiente e tem como projeto de pesquisa a aplicação de nanomartículas de óxido de zinco em argamassa e tinta para evitar bactérias e fungo.
Nos últimos anos, os resultados dos estudos vêm sendo divulgados nos Enepes (Encontros de Ensino, Pesquisa e Extensão) da Unoeste e em congressos internacionais, como o 21º e 22º B-MRS (Brazilian Materials Research Society), nos anos de 2023 e 2024.
Dia 17 de junho, Jacqueline e Fábio irão fazer palestra on-line sobre “inovações em tratamento de efluentes mediados por nanomateriais e novos materiais antimicrobianos na construção civil para benefícios ao ambiente e a saúde”.