Estudo identifica 6 espécies ameaçadas de extinção em 3 áreas da região

Mico-leão-preto, araponga, arara-vermelha e tamanduá-bandeira são alguns dos animais registrados por câmeras trap e gravadores instalados em Teodoro Sampaio

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 03/11/2023
Horário 14:38
Foto: Instituto IPÊ
Araponga é uma das espécies ameaçadas de extinção
Araponga é uma das espécies ameaçadas de extinção

Um estudo realizado por pesquisadores associados ao IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) identificou, por meio de câmeras trap e gravadores, 174 espécies de aves, 27 espécies de mamíferos e seis espécies ameaçadas de extinção, com destaque para o mico-leão-preto, araponga, arara-vermelha, tamanduá-bandeira, entre outros, nos Corredores de Vida, no Parque Estadual do Morro do Diabo e na Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, em Teodoro Sampaio. O objetivo é comparar se os animais que ocorrem nas áreas de florestas nativas são os mesmos ou diferentes dos registrados nas áreas de restauração.

O monitoramento passivo da fauna tem como tema "Restauração ecológica: o monitoramento da biodiversidade, metodologia e resultados". De acordo com a pesquisadora Carolina Biscola, os equipamentos são instalados em árvores a uma altura de 60 centímetros do chão. As câmeras trap (equipamentos com sensor de movimento que fotografam automaticamente) capturam imagens de mamíferos, como a anta brasileira (Tapirus terrestris), onça-parda (Puma concolor), onça-pintada (Panthera onca), entre outros.

Enquanto isso, os gravadores de som registram as vocalizações de primatas, com destaque para o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), além de pássaros, morcegos e anfíbios. Ambos os equipamentos são instalados nos Corredores de Vida, no parque e na estação ecológica.

Os Corredores de Vida são um projeto de restauração florestal, que alinha a conservação da biodiversidade, incluindo recursos florestais e espécies ameaçadas de extinção, com a geração de renda tanto para os viveiristas quanto para profissionais de empresas contratadas para realização do plantio e monitoramento das mudas nos anos iniciais. O aumento da área restaurada na região também contribui com a conservação dos serviços ecossistêmicos, como água em quantidade e qualidade, por exemplo. 

O período de monitoramento das câmeras é de dois meses, já o dos gravadores é de 21 dias. Na sequência, os pesquisadores retiram os equipamentos, descarregam o material em plataformas específicas e fazem o comparativo da biodiversidade. "A vantagem do monitoramento passivo é que não há interferência humana no comportamento desses animais, além dos pesquisadores conseguirem monitorar várias espécies em diferentes áreas e pontos", explica Carolina.

Para Haroldo Borges Gomes, coordenador de campo do IPÊ, pesquisas como essa possibilitam mensurar um outro aspecto da restauração. "Os dados do monitoramento são a prova de que a restauração florestal traz vantagens para a biodiversidade", pondera.

Os resultados foram apresentados durante a terceira edição de 2023 do "Sexta ConsCiência", que mobilizou mais de 100 pessoas, entre prestadores de serviço nas áreas de plantio e manutenção de florestas, viveiristas comunitários, professores e representantes de instituições privadas e públicas nas esferas federal, estadual e municipal, todas interessadas em saber mais sobre as ferramentas utilizadas no monitoramento da biodiversidade e os benefícios dessa pesquisa. O encontro foi promovido na segunda quinzena de setembro, na sede do Parque Estadual Morro do Diabo.

Lilian Blume Moraes, diretora escolar da rede municipal de Teodoro Sampaio, destaca que é importante a comunidade escolar participar da ação. Dessa forma, é possível reconhecer o conteúdo prático e trabalhá-lo em sala de aula. "A palestra da Carolina nos trouxe muito aprendizado. Ouvir o som da anta brasileira no gravador foi muito emocionante. Vamos levar esse conteúdo para os alunos, afinal, eles são os multiplicadores da educação ambiental com seus familiares e sua comunidade", avalia.

O "Sexta ConsCiência" é inspirado nas Manhãs com Ciência organizadas pelo IPÊ desde 2004, na região do Pontal do Paranapanema, com o objetivo de compartilhar os desafios, avanços e aprendizados das pesquisas com todos os envolvidos, aproximando na prática a comunidade das ações realizadas pelo instituto na região.

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