 
                    Com diferente abordagem ótica sobre pesquisas que relacionam hanseníase com psoríase e que ocorrem nesta ordem, novo estudo feito em Presidente Prudente se mostra inovador por inverter esta lógica.
A médica dermatologista Beatriz Zimermano Coimbra produziu o estudo com a orientação da médica especialista em hansenologia Marilda Aparecida Milanez Morgado de Abreu, junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), sob o título “Infecção pelo Microbacterium leprae em pacientes com psoríase vulgar”.
A metodologia esteve centrada em estudo transversal, unicêntrico e não randomizado, realizado de junho de 2024 a janeiro de 2025 no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo de Presidente Prudente, levando em conta critérios de inclusão e de exclusão.
A pesquisa teve 20 participantes com idades de 31 a 71 anos, sendo 15 homens (75%) e cinco mulheres (25%). Destes, quatro com gravidade leve da psoríase e 16 de moderada a grave. Apenas uma mulher relatou contato com hanseníase ao trabalhar como cuidadora.
A avaliação dos participantes envolveu, dentre outros procedimentos, as realizações de biópsias, histopatologia, extração de DNA e a tecnologia PCR (reação em cadeia da polimerase), para amplificação de uma região específica de DNA.
As discussões apresentaram informações como as de que, por 19 séculos, psoríase e hanseníase eram confundidas como doença única devido às semelhanças cutâneas e ao estigma social e que a proteção imunológica de uma doença para a outra não é absoluta.
Dentre as conclusões, constaram que nenhuma amostra foi positiva de paciente com psoríase acometido por hanseníase (lepra) e que pode haver efeito protetor da psoríase para a hanseníase.
O estudo concluiu que a interação entre as doenças é complexa e multifatorial, envolvendo mecanismos imunológicos, genéticos e neurocutâneos, que carecem de maior elucidação.
A importância do estudo-piloto está no fato de ter sido a primeira pesquisa que abre caminho para inverter a situação que até então somente avaliava se portador de hanseníase poderia ser também portador de psoríase.
Beatriz Zimermano Coimbra foi aprovada para receber o título de mestre em Ciências da Saúde.
Na introdução da dissertação, a psoríase foi apresenta como doença inflamatória crônica e a hanseníase como doença infecciosa crônica.
A psoríase se associa com outras comorbidades, dentre as quais doenças inflamatórias e cardiovasculares, ansiedade e depressão. A associação da psoríase – que atinge cerca de 2% da população – com a hanseníase é rara, na ordem de 0,014%.
A justificativa para realização da pesquisa considerou que estudos prévios focaram na ocorrência de psoríase em portadores de hanseníase, de tal forma a propor a inversão e averiguar ocorrência de hanseníase em portadores de psoríase.

Foto: Unoeste - Médica dermatologista Beatriz Zimermano Coimbra, autora da pesquisa
