Em comemoração aos 20 anos do Cemosi (Centro de Memória, Documentação e Hemeroteca Sindical Florestan Fernandes), uma série de atividades foi planejada para debater a importância dos acervos documentais voltados ao apoio às ações dos sindicatos e movimentos sociais, enquanto mediadores da relação entre universidade, trabalhadores e sociedade. A abertura ocorreu ontem, no Anfiteatro 6 da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), campus de Presidente Prudente, em que houve uma mesa com o tema “O necessário diálogo entre as universidades e trabalhadores em tempos de retrocessos sociais”.
Na ocasião, os presentes tiveram a oportunidade de ouvir trabalhadores e representantes de entidades sindicais e movimentos sociais sobre a importância da memória nos enfrentamentos contra a precarização dos direitos sociais. Nesse sentido, o vice-coordenador do Cemosi, Ricardo Pires de Paula, destaca que a discussão permite que os estudantes e os próprios sindicatos entendam o contexto atual, por meio de suas raízes históricas.
Para isso, Ricardo aponta que o centro possui um vasto arquivo histórico, que trata da luta dos trabalhadores e da imprensa sindical, sendo uma referência no oeste de São Paulo e o único da região de Prudente, a qual os alunos de diferentes níveis e cursos podem recorrer para realizar seus trabalhos acadêmicos. “Além do nosso arquivo, as pessoas só têm acesso a um acervo desses em Bauru, Campinas ou São Paulo. Assim, as pessoas não precisam ir até esses lugares, pois possuímos um rico material de pesquisa”, pontua.
Esse material é cuidado pelo arquivista Ian Damaceno, que antes de vir para Prudente atuou em Bauru e nota que, apesar de possuir mais recursos financeiros, há uma grande diferença entre o cuidado pelos arquivos entre os dois locais. Na cidade, ele ressalta que há um diferencial em relação ao ambiente, que é climatizado; na utilização de caixas de polionda, material que não retém umidade e evita o mofo; a colocação de papel alcalino entre os arquivos de jornais, para evitar o atrito; e, ainda, possui vídeos.
“O arquivo tem como principal foco manter a memória das lutas e movimentos dos trabalhadores, que, mesmo com a internet como um recurso de pesquisa, não é fácil encontrar tantas coisas”, declara o arquivista, e ainda informa que o acervo possui a média de 35 a 40 metros lineares de documentos, o que equivale a um prédio de 13 andares.
Pesquisas
O recém-aprovado no mestrado em Geografia, Sidney Cássio Todescato Leal, 28 anos, utilizou o acervo para produzir a sua pesquisa a respeito do Programa de Aquisição de Alimentos, que ele aponta como resultado das lutas sociais. Por meio do Cemosi, ele teve acesso a toda documentação das reinvindicações que eram feitas na década de 1990, e assim pode compreender como o programa se deu. “Dentro da universidade é extremamente importante para o desenvolvimento das pesquisas, que necessitam dessa memória, pois nem mesmo os sindicatos conseguem manter esses documentos”, ressalta.
O mestrando Diogenes Rabello, 25 anos, por sua vez, está em meio a um processo de pesquisa e vê o acervo como um banco de dados relevante para a formação política e acadêmica, permitindo que os estudantes tenham acesso a um conteúdo além do que é passado em sala de aula. “Utilizo o Cemosi na minha pesquisa para entender o que estou estudando, sem isso seria bem difícil encontrar as informações que preciso”, relata.
Programação
As comemorações, que são abertas para toda a comunidade, continuam no dia 28 de agosto, às 14h, quando ocorrerá outra mesa com o tema “Arquivos acadêmicos: Memória, pesquisa e extensão”, no Anfiteatro 6 (Fundacte), da FCT/Unesp, em Prudente. Também ocorrerá a Exposição Cemosi 20 anos, na biblioteca da universidade, durante o período de 11 a 22 de setembro.
Os festejos contam ainda com a exibição de filmes no “Cine-Cemosi”, nos dias 13 de setembro, 19 de outubro, 21 de novembro e 12 de dezembro, com os filmes: “Histórias e estórias: 100 anos de Prudente”; “Outubro”; “Deu n’a plebe: A greve geral anarchista de 1917”; e “5 séculos de paciência e ternura: A marcha dos sem-terra para Brasília”.
