Celebrando seus 66 anos neste sábado, a FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente carrega em seus corredores o som de passos que ecoam há gerações. Entrelaçadas às salas de aula, laboratórios e projetos de extensão, as histórias dos mais de 16 mil estudantes graduados carregam um pedaço do que é a FCT: um campus que acolhe, ensina, debate, pesquisa e, sobretudo, transforma pessoas e suas realidades.
A atual diretora da FCT, Cristina Baron, destaca que a celebração dos 66 anos da unidade representa não apenas uma comemoração institucional, mas também um reconhecimento do impacto da universidade na cidade e na região. “Temos avançado com projetos como o Territórios Educativos e Vivências de Gênero. Comemorar os 66 anos é uma continuidade de um trabalho”, afirma.
A gestão tem buscado ampliar o diálogo com diferentes instituições e setores da sociedade, como por exemplo as parcerias com prefeituras, secretarias municipais, Sesc (Serviço Social do Comércio) Thermas e Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). “Estamos conseguindo ampliar e mostrar a relevância da instituição”, ressalta, lembrando que o papel da universidade vai além da formação acadêmica: envolve ensino, pesquisa, extensão e contribuição para políticas públicas.
Cristina também reforça o caráter coletivo dessa trajetória: “Essa construção não é da direção. É uma construção coletiva e que bom que toda essa comunidade está unida. É uma comemoração de todo mundo”, disse.
Foto: Cedida - Universidade tem 12 cursos de graduação
Em diálogo com essa mesma comunidade, que nos anos 1950 ocupava as ruas exigindo uma faculdade pública na cidade, o legado se renova a cada novo ingresso. Atualmente, são 2.295 alunos matriculados. Em 2025, foram ofertadas 693 novas vagas nos 12 cursos de graduação (Arquitetura e Urbanismo, Ciência da Computação, Educação Física, Engenharia Ambiental, Engenharia Cartográfica e Agrimensura, Estatística, Física, Fisioterapia, Geografia, Matemática, Pedagogia e Química).
Na pós-graduação, a FCT conta atualmente com 1.227 estudantes matriculados, nos 11 programas de pós-graduação stricto sensu (Ciência da Computação, Ciências Cartográficas, Ciências do Movimento, Ciência e Tecnologia de Materiais, Educação, Educação Física, Educação Inclusiva, Ensino de Física, Geografia Acadêmico, Geografia Profissional e Matemática Aplicada e Computacional) e nos dois cursos lato sensu (Especialização e o Programa de Residência em Fisioterapia).
Nos últimos 12 meses, foram realizadas 147 defesas de mestrado acadêmico, 79 de mestrado profissional e 108 de doutorado. Desde a criação da pós-graduação na unidade, em 1987, já são mais de 4,6 mil trabalhos defendidos.
A unidade mantém ainda 76 grupos de pesquisa cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), distribuídos em 19 áreas do conhecimento.
Na extensão universitária, outro pilar fundamental da universidade, estão em andamento aproximadamente 100 projetos, que fortalecem a relação entre universidade e sociedade, por meio de iniciativas de formação, inclusão e transformação social.
A FCT conta, atualmente, com um corpo docente de 182 professores, dois pesquisadores e 160 servidores técnico-administrativos. São 124 professores aposentados até abril, dos quais muitos ainda mantêm vínculos com o campus, participando de atividades e projetos.
Foto: Cedida - Unesp promove projetos que fortalecem relação entre universidade e sociedade
Concebida em 1957, a FCT se firmou como uma instituição de ensino superior no interior paulista e hoje alcança o mundo inteiro.
O vice-diretor da universidade, o historiador Ricardo Pires de Paula, destaca algumas passagens da universidade marcadas por resistência e compromissos ético, político e profissional e sua relação com a sociedade. De acordo com ele, a criação da instituição por lei estadual foi fruto direto da mobilização popular.
As aulas tiveram início no dia 3 de maio de 1959, na Escola Técnica do Comércio Doutor Joaquim Murtinho, onde hoje funciona uma escola particular. Da escola de comércio, foram idas e vindas. A universidade funcionou na Vila Furquim, onde hoje é a Escola Estadual Comendador Tannel Abbud, e no terreno da Granja Municipal, onde ergueram dois barracões para poderem abrigar as turmas dos dois primeiros cursos: Geografia e Pedagogia.
As péssimas condições de acesso e permanência no local levaram a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente, conhecida como Fafi, a ocupar alguns andares de um prédio comercial no centro da cidade, onde no último andar funcionava uma boate. Ricardo brinca: “Não teria sido a partir daí que surgiram os primeiros ensaios das festas unespianas de longa tradição entre os nossos estudantes?”.
Passados 10 anos, em 1969, a Fafi volta para o terreno da antiga granja, onde a FCT está situada atualmente.
Como outras universidades, a então Fafi enfrentou a ditadura militar e as mobilizações contra o fechamento de cursos na criação da Unesp, em 1976, quando recebeu a denominação de Ipea (Instituto de Planejamento e Estudos Ambientais), que ao longo dos anos incorporou o Imespp (Instituto Municipal de Ensino Superior de Presidente Prudente). A mudança definitiva no nome para FCT/Unesp aconteceu em 1989.
Para o vice-diretor, cada obstáculo enfrentado reafirmou o papel da faculdade como espaço de resistência e formação comprometida com a educação pública de qualidade. “Foram tempos difíceis e a resistência da comunidade foi colocada à prova para manter a faculdade em Prudente. As lutas pela criação da faculdade, pela construção de infraestrutura condizente com as atividades acadêmicas, os enfrentamentos contra as perseguições dos tempos da ditadura e as mobilizações contra o fechamento de cursos e vagas marcaram os primeiros 30 anos de existência da antiga Fafi e hoje FCT e revelaram o compromisso ético e profissional daqueles que não mediram esforços na luta pela manutenção de cursos superiores gratuitos e de qualidade no município”, reflete Ricardo.
Foto: Cedida - Diretora Cristina Baron e vice-diretor Ricardo Pires de Paula