Exercício físico e saúde: existe um pivô central?

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Imagine agora em 2023, você se levantando todos os dias e tomando uma cápsula que tenha o efeito de uma sessão de exercícios de 1h na academia ou de corrida. Sim, essa cápsula teria efeitos benéficos em seus músculos, nos sistemas cardiovascular, nervoso, imunológico, endócrino, gastrintestinal etc. Consequentemente, os benefícios se estenderiam à saúde e longevidade.

 

CÁPSULA DA SAÚDE

A busca dessa “cápsula da saúde” é real, assim como a busca de medicamentos definitivos para a obesidade e para o câncer, por exemplo. Certamente uma cápsula da saúde ajudaria muitas pessoas impossibilitadas ou com dificuldades para prática de exercícios, mas também tornaria o mundo “ainda mais sedentário” do que já é (+ 70% da população).

 

CANDIDATOS

Mas qual seria o pivô central, ou seja, a molécula responsável por todos os efeitos benéficos do exercício físico nos tecidos, órgãos e sistemas fisiológicos? Seria um hormônio, uma citocina, um fator de crescimento e diferenciação, um fator de transcrição gênica, uma proteína circulante ou intracelular? Diversas dessas moléculas têm sidos estudadas e novos efeitos vão se somando, deixando animados os pesquisadores e os não adeptos do “esforço e suor”.

 

MITOCÔNDRIA E ENERGIA

As mitocôndrias são organelas responsáveis pela produção de energia nas células, usando oxigênio, portanto com papel muito importante na atividade celular. Em razão disto, os estimuladores das mitocôndrias estão entre os principais candidatos ao posto de pivô central. A proteína AMPK é uma espécie de sensor de energia nas células que coordena o aumento ou a diminuição da produção e energia de acordo com o status e demanda das células. 

 

AÇÕES DIFERENTES

A molécula cuja abreviatura é AICAR tem sido estuda há mais de duas décadas como potencial mimetizadora do exercício físico, justamente por estimular a biogênesese mitocondrial (novas organelas), o aumento da atividade mitocondrial e da proteína AMPK. Enfim, efeitos de aumentar o gasto de energia. 

 

MENSAGEIRA

A irisina, proteína produzida naturalmente pelos músculos, tem sido estudada há uma década e, ante seus efeitos no tecido adiposo, sistema nervoso e outros, é considerada com grandes expectativas como molécula da saúde e longevidade. Outra candidata é a interleucina 6 (IL-6), também produzida pelos músculos e com efeito anti-inflamatório e de prevenção de doenças. 

 

SINERGIA

Outras proteínas como a mTor, que regula a síntese proteica muscular, o PPAR e PGC-1, que regulam o metabolismo e processos inflamatórios, e o BDNF, que estimula a plasticidade nervosa, têm em comum a produção e ativação pela contração muscular, por isso são estudadas como substitutas do próprio esforço. De fato, são várias moléculas derivadas do “esforço e suor” com vários efeitos que interagem e se complementam (sinergia) na manutenção da saúde. Molécula única como pivô central e substituta completa do exercício físico dificilmente será encontrada. 

 

São várias moléculas derivadas do “esforço e suor” com vários efeitos que interagem e se complementam na manutenção da saúde.

 

 

 

 

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