Uma pesquisa desenvolvida em Presidente Prudente constatou que a exposição a desreguladores endócrinos durante a gestação e lactação compromete a qualidade óssea na vida adulta, de acordo com análises de experimentos em fêmures de ratos cujas mães foram expostas ao composto químico BPA (Bisfenol A).
A substância é utilizada na produção de plásticos, como os policarbonatos que servem para fabricar utensílios domésticos, a exemplo de embalagens, potes e mamadeiras. O estudo científico evidenciou que os ratinhos cresceram e o efeito se prolongou na vida adulta.
Os desreguladores interferem no sistema endócrino perturbando a produção, ação e transporte ou eliminação dos hormônios. Essa interferência pode ter efeitos adversos na saúde, especialmente na reprodução, desenvolvimento e crescimento.
A utilização de ratos de laboratório em pesquisas tem a ver com a similaridade do animal com o genoma humano. Sendo assim, feita a correlação com a saúde humana, o estudo gera atenção das mães sobre cuidados na gestação e amamentação.
Portanto, as mães devem optar por produtos que não contenham desreguladores endócrinos. Um deles é o plástico livre do BPA. Outros disruptores endócrinos podem ser encontrados em diferentes produtos de consumo, uso ou de contato com a pele.
Avalições nos fêmures constataram comprometimento na rigidez do osso e na taxa de remodelação que é mecanismo de substituição ou reconstrução de áreas de tecido ósseo para preservar a sua integridade, otimizar a sua função e prevenir a sua degradação.
O estudo avaliou a resposta óssea mediante exposição a desreguladores endócrinos em ratos durante o ciclo vital, em relação ao peso e comprimento do fêmur, da sua composição, estimativa de densidade mineral e resistência mecânica.
A exposição não foi capaz de causar alterações significativas no peso, no comprimento e na densidade óssea. Mas a literatura científica sobre o assunto revela que em outros estudos encontraram alterações significativas.
Nas condições da metodologia e técnicas aplicadas, os resultados significativos, diante da exposição aos desreguladores endócrinos na gestão e na lactação, foram sobre o comprometimento da qualidade óssea na vida adulta e na taxa de remodelação.
As análises dos ossos foram pelo Índice de Seedor, para cálculo indicativo da densidade óssea; ensaio mecânico; e Espectroscopia Raman, para obter informação química e estrutural do material analisado.
O trabalho minucioso e complexo foi desenvolvido pelo fisioterapeuta Gustavo Estevam Nóbrega Thomaz junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, com a orientação do professor doutor Wilson Romero Nakagaki.
A banca examinadora foi composta por Gustavo Ferreira Simões, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, na condição de membro externo; e Eliana Peresi Loderlo, da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), como membro interno.
A pesquisa, a dissertação e a defesa pública foram elogiadas pelos avaliadores, com méritos ao autor e ao orientador. Gustavo fez o mestrado com taxa do Prosup (Programa de Suporte à Pós-graduação de Instituições de Ensino Particulares), destinada à Unoeste pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), do Ministério da Educação.
A obtenção da taxa foi mediante aprovação em processo de seleção. Feita a defesa pública da dissertação, Gustavo foi aprovado para receber o título de mestre em Ciências da Saúde.