Fale o que quiser: morango do amor é uma baita ideia

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 05/08/2025
Horário 06:00

Acho que todo mundo meio que passa a vida tentando ter uma ideia genial, daquelas que possuem capacidade para mobilizar mundos e fundos e, principalmente, gerar muito dinheiro e fama. 

Óbvio que como este mundo é osso duro de roer, a estatística entre quem encontra sua grande ideia e quem passa vida tentando é meio que 0,0001 para 10 (nem tentem fazer essa conta dar certo porque sou de humanas. É só para entender que as boas ideias são difíceis de acontecer).

Uns anos atrás, especialmente na pandemia, eu fiquei encantando com aqueles livros para colorir. O mais famoso deles era o Jardim Secreto, você se lembra? Mas não fiquei encantado em pintá-los, mas sim com a ideia que alguém teve em montar um livro cheio de figuras complexas e convencer o mundo inteiro de que pintar as páginas seria relaxante. Baita sacada. O povo pirou, ainda mais quem estava trancado em casa com medo da Covid. 

O inventor não vendia livros, mas sim alívio emocional e no marketing há uma máxima que diz que se alguém precisa de um produto pelo menos duas vezes ao dia, ele é um baita produto, uma ideia genial.

Teve um outro gênio que inventou as Pedras da Filosofia. Veja: alguém começou a vender pedras de verdade ou de resina e as chamou de “pedras da ansiedade” e convenceu uma outra pessoa que apertá-las seria bom para superar o estresse e a confusão diária. Bingo. Milhões compraram e quando a pedra perdeu a graça vieram os spinners e os cubos mágicos.

E igual a estes exemplos, estão os vídeos chamados de “satisfatórios”, com gente limpando peixe, tapetes, fazendo uma comida, ou no esquema ASMR, que trazem barulhos que agradam de alguma forma. 

Enfim, podia colocar mais alguns exemplos aqui, até falar do “Café com Deus Pai” que é outra ideia, mas hoje a bola da vez é o morango do amor. Genial também. Alguém olhou do nada e pensou: “Se eu pegar o caramelo da maçã-do-amor e colocar no morango vai ser legal porque o povo ama morango. E eu vou melhorar colocando em volta da fruta um brigadeiro branco bem doce”. Pronto. É tipo aqueles abacaxis caramelizados inteiros, mas que eram muito caros. O morango democratizou a coisa e virou febre. 

Óbvio que tem explicação e se o leitor ou a leitora quiser ter uma grande sacada original e lucrar com isso, prestem atenção nos detalhes que fazem qualquer pensamento aleatório ser um morango do amor: combine simplicidade com nostalgia (mexa com a memória afetiva); resolva um problema invisível com o produto (tipo tédio, ansiedade, rotina, etc); crie algo fácil de ser compartilhável e melhorado pelas pessoas; e por fim, observe o timing correto, ou seja, o momento em que as pessoas estão prontas para receber a ideia.

Se der certo, não se esqueça de me dar os créditos. Tks.
 

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