Falta de policiais civis prejudica andamento de inquéritos na região

PRUDENTE - Bruno Saia

Data 25/06/2016
Horário 09:53
 

A falta de policiais civis na região de Presidente Prudente, principalmente de investigadores e escrivães, denunciada ainda em abril deste ano pelo Sipol (Sindicato dos Policiais Civis da Região de Prudente) e noticiada por O Imparcial, prejudica também a atuação do MPE (Ministério Público do Estado de São Paulo) e o andamento de inquéritos policiais na área de abrangência do Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior-8), em especial, a área da Delegacia Seccional de Presidente Prudente, onde o problema é ainda mais crítico.

"Diante dessa calamidade, vamos ouvir os delegados, levantar o quadro atual de servidores, qual a carência de pessoal e judicializar a questão antes da conclusão do treinamento dos 56 policiais que atualmente estão na academia do Deinter-8", explica o promotor de Justiça, Mario Coimbra. "A questão da tecnologia evoluiu muito, mas a investigação ainda é feita na rua e, para isso, precisa de pessoal", destaca.

Jornal O Imparcial Promotores da região participaram de encontro realizado ontem

Coimbra, outros representantes do MPE da região e do Departamento Jurídico do Sipol, estiveram presentes na manhã de ontem, em uma reunião realizada na Associação Paulista do Ministério Público, em Prudente, onde foram definidos os próximos passos para tentar, ao menos, minimizar o déficit de policiais civis na região.

"O movimento ganhou força, unicidade e ficou o propósito de convergência", pontua o presidente do Sipol, Fábio Morrrone. "Isso mostra o quanto a falta de policiais já foi sentida até mesmo pelo MPE e ressalta a preocupação maior do sindicato, que é com a sociedade local, com a segurança dos moradores", informa. Ainda de acordo com o policial e sindicalista, a permanência dos policiais que realizam o treinamento no Deinter-8 é fundamental. "Além da nossa necessidade, quase todos os que estão realizando o treinamento, que termina no fim de julho, são aqui da região e gostariam de permanecer por aqui", detalha.

 

Dificuldades na região

"O que identificamos é a defasagem no número de investigadores, a dificuldade nas investigações e, em alguns casos, não é nem mesmo possível iniciar a investigação na comarca onde o crime foi cometido", relata a promotora Vanessa Zorzan, de Regente Feijó. "Isso reflete no aumento dos índices criminais, pois não inibe quem comete infrações na cidade, tudo alheio à vontade do delegado", completa.

O promotor de Pirapozinho, Marcelo Gonçalves, destaca que os poucos policiais enfrentam até mesmo dificuldades em relação à estrutura física da delegacia. "Todos os aspectos são ruins, falta de funcionários, estrutura física periclitante e há sérios problemas, também por falta de pessoal, em cidades como Tarabai, Narandiba e Estrela do Norte, por exemplo, onde essa situação compromete o atendimento mais básico à população, além das investigações, que também ficam comprometidas", revela.

 

Responsabilidade fiscal


Em nota enviada pela Assessoria de Comunicação da SSP (Secretaria de Segurança Pública), ainda em abril, o governo do Estado informa que irá recorrer ao TJ-SP (Tribunal de Justiça), caso seja interpelado na Justiça, "uma vez que a gestão administrativa e orçamentária para contratações dos servidores do Executivo deve ser realizada por cada um de seus órgãos, dentro das limitações de responsabilidade fiscal".

Além disso, o texto destaca que "o próprio Ministério Público do Estado de São Paulo tem 12,25% de cargos vagos de seus membros e 15,5% de cargos vagos em relação aos seus servidores, pois respeita as mesmas regras de contratação do Poder Executivo". Sobre os novos contratados, que estão na academia do Deinter-8, a previsão é de que uma parte deles assuma funções na área de Prudente. O órgão foi contatado novamente ontem para se manifestar, mas manteve o posicionamento anterior.

 
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