A Mulher Maravilha está em Rondonópolis. Uma frase que soa como o início de uma lenda, mas é apenas a prosa do meu sábado de manhã. A minha neta Isabel, que já me faz sentir o tempo em cada ano que avança, completa 7 anos nesse fim de mês. Minha amada filha Flávia está em Madri junto com meu genro André. Na foto, estão dois copos de chopp num bar de Madri. Não perdem tempo kkk. Aproveitem que a vida é um sopro.
O calor de agosto, que é a assinatura desta nossa amada aldeia, já anuncia que o dia será quente. E aqui estou, na curta solidão do café da manhã, acompanhado apenas pela fiel cachorra Amora, a única que entende o silêncio que, de vez em quando, me habita.
Essa quietude, que seria melancólica para alguns, para mim é um convite à reflexão. É nesse tempo suspenso que eu paro para pensar nas histórias que nos contam e nas histórias que nós criamos. A série que assisto sobre Billy the Kid me transporta para um Velho Oeste que nunca foi glamoroso de verdade. Na tela, o pistoleiro é interpretado por um ator de beleza e carisma, transformando uma vida triste e miserável em um romance de ação. William Henry McCarty Jr, com todos os seus pseudônimos e sua realidade brutal, se perde em meio ao glamour de Hollywood. O cinema, com sua luz e seu brilho, tem o poder de romantizar o que de fato é trágico e cruel.
E eu, enquanto espero o relógio marcar o meio-dia, me vejo como um espectador dessa grande peça. Em breve, a minha solidão será trocada pela "Távola Redonda" do clube, um santuário de amizades e conversas. Ali, com cada gole de cerveja, o mundo, por um instante, se torna mais belo. Não porque o mudamos de verdade, mas porque a camaradagem e o riso têm a capacidade de dar uma nova cor à realidade, de fazer a vida parecer menos pesada e mais, digamos, cinematográfica.
No fundo, talvez todos nós sejamos um pouco como Billy the Kid. Vivemos as nossas vidas, com todas as suas imperfeições e tristezas, enquanto, na nossa mente, um roteirista nos transforma em heróis. E talvez isso não seja de todo ruim. É a nossa maneira de sobreviver, de encontrar beleza na tragédia e de transformar a realidade em uma história um pouco mais fácil de ser contada e, principalmente, de ser vivida.