Feiras livres geram R$ 3,1 milhões por mês

“Você tem de saber falar, cativar, conquistar o cliente", revela.

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 20/07/2014
Horário 10:24
 

As 26 feiras de Presidente Prudente movimentam mensalmente R$ 3,1 milhões e geram aproximadamente 580 empregos diretos, sendo sua maioria familiar. A estimativa é da Sedepp (Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Presidente Prudente). Os dados são flutuantes e sofrem com a variação climática. "Se chover na Manoel Goulart, por exemplo, esse número é afetado", explica o responsável pela pasta, Aristeu Santos Penalva de Oliveira. Os trabalhadores, geralmente, acordam de madrugada para trazer seus produtos aos clientes. Além da renda obtida, o que os motiva todos os dias é o contato próximo com os consumidores – que muitas vezes, chega a se tornar amizade.

Jornal O Imparcial Bernardes: "Tem de saber falar, cativar, conquistar"

Roque Bravo Bernardes, 40, trabalha em feiras livres há quatro anos. Acorda todos os dias às 4h, enfrenta uma viagem de 1h40 da Alta Paulista até Presidente Prudente, fica até às 10h na feira e volta à roça para continuar trabalhando. "Não é fácil não viu? Você passa frio e não dorme direito". Antes ele era produtor e vendia frutas para mercados e escolas. "Decidi trazer pra cá porque compensa mais. Recebo à vista, e quando vendia pra fora o valor só vinha uma vez por mês". Ele trabalha em oito feiras por semana – incluindo uma em Regente Feijó – e comercializa cerca de 700 kg de mamão formosa por dia. "Por incrível que pareça, vender aqui por um preço mais acessível traz um lucro ainda maior do que negociar frutas com valores mais altos", explica.

Segundo Bernardes, a feira tem um público variado, com jovens e adultos de diferentes classes socioeconômicas. Ele diz que "vem todo tipo de gente comprar". Para o feirante, o que diferencia o local é o tratamento que os vendedores dão. "Você tem de saber falar, cativar, conquistar o cliente", revela.

A feirante Antonia Segati, 68, tem uma barraca variada, com pepino, abóboras paulista e menina, chuchu, pimentão, vagem, cenoura, inhame, tomate, batata, cebola, batata-doce e repolho. Ela trabalha na feira cinco vezes por semana, no período da manhã, há 31 anos. "Gosto daqui porque fico à vontade. Não vai me tornar rica, mas dá pra ir tocando a vida", conta.  Isso ocorre porque, de acordo com ela, a movimentação oscila bastante: "Às vezes vende muito e outras não", menciona. Segati conta que era empregada de um sítio e decidiu ir "por conta" e ter sua renda própria. "Além disso, é gostoso ter esse contato com os clientes. A gente vem aqui e conversa, brinca, faz piada e é muito legal", fala.

 

Pela clientela


A costureira aposentada Maria Yamamoto, 74, frequenta a feira da vila Dubus há muitos anos e explica: "Além de ser mais perto do que o mercado, tenho amizade com todo mundo, chamo o pessoal pelo nome", diz. Ela conta que o apreço pelo local tem sido passado por gerações na sua família. "Meus dois netos adoram vir aqui. Durante a semana estudam, mas não perdem um sábado", destaca.

Quem também vai ao local toda sexta-feira há 20 anos é a enfermeira Leonice Fernandes Santos, 43. Na sua opinião, lá os alimentos são mais frescos do que no mercado e têm maior qualidade. "Busco as frutas e legumes, mas sempre acabo levando alguma coisinha a mais, como hoje que peguei um chá diferente que encontrei".

 

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COMO SE CADASTRAR

 

O interessado em ter uma barraca na feira deve comparecer na Sedepp, apresentar um requerimento endereçado ao prefeito; boletim de cadastramento preenchido em duas vias, cópia do CPF, RG; comprovante de endereço em nome do requerente; carteira de saúde e duas fotos três por quatro. A partir do dia primeiro de maio de todo ano corrente ficam suspensos novos cadastros, com exceção dos produtores rurais. Não existem números de vagas, mas estão temporariamente suspensas as atividades de gêneros alimentícios, como pastel e espetinhos, por exemplo. Os limites das barracas são determinados pelo trecho físico da feira. Em caso de desistência, a Sedepp autoriza a entrada de outros feirantes.
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