O que um robô cirúrgico nos Estados Unidos, uma metalúrgica em Presidente Prudente e uma Inteligência Artificial que conecta Brasil, Reino Unido e Japão têm em comum? A resposta está na trajetória do urologista oncologista, Dr. Felipe Almeida de Paula. Em uma palestra inspiradora no TEDxUnoeste, o médico, que é chefe do departamento de oncologia do Hospital de Esperança e docente da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), revelou como saiu do interior paulista para o mundo em busca de conhecimento e voltou com a missão de transformar a realidade local. "A gente precisa se inspirar. Com isso, eu tenho dois caminhos: ou eu aprendo, trago pra minha realidade, internalizo e desenvolvo localmente, ou eu vou criar alguma coisa do nada e desenvolver globalmente", explicou o também diretor da Sociedade Brasileira de Urologia.
O resultado desse esforço é um portfólio de inovações que colocam Presidente Prudente no mapa da medicina de ponta. A mais simbólica é uma técnica cirúrgica para tratamento de tumores renais complexos, batizada de "Agulhamento de Prudente". O método, desenvolvido para localizar tumores escondidos dentro do rim sem o uso de equipamentos ultra caros, já foi apresentado nos maiores congressos de urologia do mundo, como o Americano, em Chicago e Las Vegas, e será levado ao Panamá em outubro. Mas a inovação não para por aí. De Paula listou uma série de primazias da cidade:
Primeiro uso no país de um braço mecânico nacional para cirurgias de câncer de próstata (2010); primeira cidade do Brasil a utilizar tecnologia digital de imagem para retirar pedras no rim (2020); implantação do CADB, projeto de ponta para tratamento de câncer de bexiga, que reduziu a mortalidade em 90 dias pós-cirurgia de 37% para 2%; criação de um Centro de Pesquisa Clínica que oferece tratamentos experimentais de graça para a população.
“A GENTE TEM HOJE, EM DESENVOLVIMENTO
NO HOSPITAL DE ESPERANÇA, UMA INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL PARA AJUDAR PACIENTES COM CÂNCER”
O futuro, segundo o médico, é inevitavelmente robótico e guiado por Inteligência Artificial. Ele citou a recente primeira cirurgia transcontinental, onde um cirurgião na Flórida operou um paciente em Angola em tempo real usando um robô chinês, e até um experimento da NASA com um robô cirurgião no espaço. E Presidente Prudente não é apenas espectadora desse futuro; é partícipe ativa. "A gente tem hoje, em desenvolvimento no Hospital de Esperança, uma Inteligência Artificial para ajudar pacientes com câncer, em conjunto com hospitais de grande porte do Brasil, Reino Unido e Japão. Isso é significativo, pois veio por meio de iniciativa de alguém daqui, que se mexeu, que tentou transformar tudo", revelou.
Além disso, um ambicioso projeto local está em gestação: a criação de um programa próprio de cirurgia robótica e um centro de treinamento com simuladores em parceria com a Unoeste, hospitais e operadoras de saúde. "Não tem como, se a gente tá falando de quarta Revolução Industrial, a gente precisa ter isso na nossa universidade. As pessoas precisam sair treinadas pra isso. E em breve. Isso vai acontecer", finalizou, deixando uma mensagem de que pequenas ações locais, como o bater de asas de uma borboleta, podem de fato gerar transformações globais.
