Ferrovia faz parte do desenvolvimento de PP

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 19/05/2016
Horário 09:46
Na região velha do oeste, a ferrovia era construída e financiada pelos fazendeiros que, em cada estação, criavam uma cidade junto, qual ia acompanhando suas terras em trajeto sinuoso, para atender aos seus interesses. E em Presidente Prudente não. Aqui a cidade chegou com coronel Francisco Goulart que construiu a primeira casinha, e a ferrovia veio depois.

Esse é um dado novo que os historiadores Jonas Soares de Souza, do Museu Republicano e Museu Paulista, e Ronaldo Macedo, integrantes da equipe do filme "Histórias & Estórias - cem anos - Presidente Prudente" encontraram, - após um mês de levantamento sobre a história da estrada de ferro no município -, em um decreto Imperial, no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.

Jornal O Imparcial Ronaldo Macedo é historiador e participa do projeto do filme

Segundo eles, no velho oeste os quinteiros tinham interesses em fazer a produção completa: você planta o café, colhe, seca, ensaca, transporta e negocia no porto (existia a Casa Comissária que era ligada a eles), ou seja, eram autossuficientes em todos os sentidos.

Conforme os historiadores, a ferrovia foi um vetor importante para a evolução e crescimento de Prudente, pois, imagine uma pequena vila, uma cidade hospedeira ou dormitório, aonde eram acomodados os compradores de terras, quando chegam os trilhos tudo muda: transporte de mercadorias, tinha para onde escoar a produção. "Na verdade temos dois fatores importantes para o crescimento da cidade. De um lado, o café que trazia e do outro a ferrovia que fazia esse produto girar. Economicamente, o algodão era até mais rentável que o café, mas foi este o motivador", explica Ronaldo.

 

Da glória ao declínio

Apesar da ferrovia ter sido de fundamental importância para a cidade, o crescimento foi pelas pequenas indústrias e comércio, porque dependia-se de alguém processar seu produto. "Melhor dizendo: eu plantava o café, eu colhia, ensacava, mas quem beneficiava era a máquina e quem negociava eram os maquinistas com as Casas Comissárias via ferrovia. Então, de primeiro momento, havia uma interligação nos tornando uma cidade dependente de um centro comercial e industrial, diferente do oeste antigo que a fazenda fazia tudo. Daí, o dinamismo", explica Ronaldo Macedo.

Conforme Ronaldo, para entender melhor, a ferrovia chega seguindo o percurso da Estrada Boiadeira que acabou sendo uma complementação, retificada, depois virando estrada de automóveis, fazendo interligação entre a ferrovia e propriedades rurais ou uma cidade a outra.

"Na década de 50 a ferrovia é superada pela estrada de rodagem, porque já não tinha mais o transporte de porta a porta, havia atraso na entrega de mercadoria ou perda de parte dela, etc. É quando a Raposo Tavares chega até Porto Epitácio e a Estrada do Oeste (Castelo Branco) que vão enterrar nos anos 60, a ferrovia, que perde espaço totalmente", pontua o historiador local.

 

Desde o Império


Conforme o professor Jonas, já era de conhecimento de estudiosos que o trajeto da Estrada de Ferro não estava definido até o final do Império, onde este chegava apenas até Botucatu. E baseado em relatórios de comissões de exploração do território do Estado de São Paulo, especialmente de uma expedição comandada por Teodoro Sampaio que estudavam sobre os recursos e as as possibilidades de navegação na bacia do Rio Paranapanema. Segundo Teodoro, esse rio, diferente do Paraná, não poderia ter navegação muito extensa porque o curso do rio tinha perfis diferentes, como a profundiade, por exemplo.

"Era possível navegar tranquilamente a partir da foz do Rio Tibagi. Então, do projeto da ferrovia, baseado neste estudo do território paulista, começam os aprofundamentos para levar os trilhos até um porto nàs margens do Paranapanema para fazer conexão , levar a ferrovia para pequenas estradas de terra para poder ter acesso à navegação", explica om professor.

A pressão dos fazendeiros em cima do governo já República, e até mesmo a questão da Sorocabana que começa como empreendimento privado - depois é vendida a um grupo americano e retorna ao goveno -, acaba que a estrada de ferro chega, por motivos de interesses até as barrancas dos rios e à Presidente Prudente.
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