Fórum discute aspectos técnicos e jurídicos da leishmaniose

Evento, realizado ontem, integrou a programação da Semana de Medicina Veterinária da Unoeste e reuniu pesquisadores renomados da área

PRUDENTE - Da Redação

Data 31/08/2018
Horário 15:38
Mariana Tavares/ AI da Unoeste - Dr. Fábio dos Santos Nogueira, presidente do Brasileish – grupo de estudos em leishmaniose animal
Mariana Tavares/ AI da Unoeste - Dr. Fábio dos Santos Nogueira, presidente do Brasileish – grupo de estudos em leishmaniose animal

Em 2017, foram confirmados 413 casos de leishmaniose canina em Presidente Prudente. Neste ano, até o momento, já são 168 registros pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses). Os números não preocupam apenas a capital da Alta Sorocabana, mas colocam em alerta todo o país. E não é para menos, pois quando a doença atinge humanos, se não tratada, leva à morte em 90% dos casos. E os cães estão no processo de transmissão, já que quando são picados pelo mosquito, podem desenvolver a doença e se tornarem potenciais transmissores. Por isso, o médico veterinário tem papel fundamental no controle dessa zoonose. Para discutir o tema, ontem, o curso de Medicina Veterinária da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) de Presidente Prudente realizou o Fórum de Leishmaniose: Aspectos Técnicos e Jurídicos. A atividade integrou a ampla programação da semana acadêmica da graduação.

 Sobre o assunto, o médico veterinário e pesquisador do tema, Fábio dos Santos Nogueira, presidente do Brasileish (grupo de estudos em leishmaniose animal) e coordenador da Faculdade de Medicina Veterinária de Andradina (SP), falou sobre o desafio, principalmente no meio científico, em relação à doença, mas também destacou os inúmeros avanços.

“De mais novo, temos as pesquisas de prevenção, seja com coleiras, pipetas ou outros fármacos que vêm surgindo com a medicina baseada em evidências científicas”. Em relação ao tratamento do animal infectado, Nogueira afirma ser eficaz, mas frisa que exige um comprometimento muito sério do proprietário, do médico veterinário e também do centro de controle de zoonoses com o monitoramento desses pacientes.

“Demonstramos que os animais apresentaram melhora clínica importante com o tratamento, com uma redução da carga parasitária; e consequentemente conseguimos um bloqueio da transmissão. Com isso, fez com que o animal não se tornasse mais um ponto importante no ciclo epidemiológico da doença”, explica. O pesquisador ressalta que são indicadas, como prevenção, as pipetas (aplicadas no dorso do animal), os colares e a vacina. “Essas três linhas têm a função de evitar que o inseto chegue ao animal, e que se picar, o inseto morre. A vacina tem um resultado satisfatório, pois ela estimula a imunidade celular, assim, mesmo que o animal seja infectado, o próprio sistema imunológico consegue debelar a infecção”.

O fórum contou também com a participação das doutoras Denise Theodoro e Lourdes Aparecida Zampieri D’Andrea. “Muito relevante a discussão, porque é uma doença que tem avançado na região. E aqui, como são futuros profissionais que estarão à frente do serviço de zoonose, é muito importante uma formação sólida nesse tema”, destacou a Dra. Lourdes, pesquisadora do Instituto Adolfo Lutz.

Evento

A Semana Acadêmica de Medicina Veterinária teve início na segunda-feira, com a palestra do vice-presidente do CRMV/SP (Conselho Regional de Medicina Veterinária), Dr. Odemilson Donizete Mossero, que falou sobre a atuação profissional, destacando as diversas possibilidades da área.

“Hoje o nosso recém-formado está muito voltado ao pet, que é também um excelente ramo, mas temos outras áreas de grandes oportunidades de emprego e muitas vezes o nosso profissional não dá a devida atenção, como o agronegócio, por exemplo, incluindo a equideocultura, suinucultura, avicultura, bovinocultura, enfim, todas as culturas ligadas à área animal onde o médico veterinário tem uma participação fundamental para a saúde dessas espécies”, destaca.

O vice-presidente do conselho ressaltou ainda a importância desse profissional na saúde pública, pois, segundo ele, mais de 60% dos agentes etiológicos que causam doença animal, acarretam também doença no homem, que são as zoonoses. “O mercado é muito amplo para o médico veterinário, mas prevalece sempre quem for mais dedicado, que continuar os estudos, se especializar e focar naquilo que realmente quer, mas nunca deixar de enxergar a profissão de um modo universal, isso porque ele precisa ser um bom profissional na área dele, mas também entender bem o processo como um todo, como o mundo está caminhando e como a sociedade está exigindo produtos e serviços. É uma área dinâmica, então precisa estar atento às novidades”, afirmou.

Com AI da Unoeste

 

 

 


 

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