Funcionários da região aderem à greve nacional dos Correios

Sindicato aponta que paralisação ainda está com baixa adesão, mas tem potencial de crescimento; estatal diz não conseguir atender proposta da categoria

REGIÃO - WEVERSON NASCIMENTO

Data 18/08/2020
Horário 16:17
Fentect - Adesão na região de Presidente Prudente foi confirmada pela Sindecteb
Fentect - Adesão na região de Presidente Prudente foi confirmada pela Sindecteb

Hoje, cerca de 100 mil trabalhadores dos Correios em todo o Brasil deliberaram greve nacional após assembleias organizadas pelos sindicatos filiados, conforme informou Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares). Os grevistas param as atividades por tempo indeterminado e "são contra a retirada de direitos e a privatização da empresa, bem como a negligência com a saúde dos trabalhadores em relação à Covid-19". Na região de Presidente Prudente, a adesão foi confirmada pelo diretor regional da Sindecteb (Sindicato dos Empregados da Empresa Brasileiro de Correios e Telégrafos e Similares de Bauru, Araçatuba, Botucatu, Presidente Prudente e Região), Hideyochi Oliveira Hina, que informou que a deflagração de greve nas unidades dos Correios apresenta "baixa adesão, mas tem potencial de crescimento". 

A Fentect, junto aos sindicatos filiados, tenta, desde o início de julho, dialogar com a direção dos Correios em torno da pauta de negociação. No entanto, esclarece que, além da empresa se negar a negociar, a categoria foi surpreendida desde o dia 1º de agosto com a revogação do atual acordo coletivo que estaria em vigência até 2021. “Foram retiradas 70 cláusulas com direitos como 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, em uma atitude desumana impedindo tratamentos diferenciados e que garantem melhor qualidade de vida, pagamento de adicional noturno e horas extras”. 

De acordo com a federação, os trabalhadores também lutam contra a privatização dos Correios, o aumento da participação dos trabalhadores no plano de saúde, gerando grande evasão, e o descaso e “negligência” com a saúde e vida dos ecetistas na pandemia da Covid-19. “Em uma verdadeira batalha judicial, a Fentect e seus sindicatos tiveram que acionar a Justiça para garantir equipamentos de segurança, álcool em gel, testagem e afastamento dos grupos de risco e aqueles que coabitam com grupos de risco ou possuem crianças em idade escolar”.

Conforme a imprensa da Sindecteb, a greve neste primeiro dia funciona como um trabalho de base, por meio do qual os delegados têm o objetivo de espalhar a informação para os demais trabalhadores dos Correios – primeiro sobre a legitimidade da greve e, segundo, retirar o receio de protesto. Dados sobre a deflagração de greve serão contabilizados em breve. 

Sustentabilidade da empresa

Em nota, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos informou que não pretende suprimir direitos dos empregados e que propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT (consolidação das leis do trabalho) e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados. Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.

A nota acrescenta ainda que, no momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional. “Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia”.

Segundo os Correios, a diminuição de despesas prevista, com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. “Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida”. Respaldados por orientação da Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem “obrigados a zelar” pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. “Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos”, informou.

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