Luísa Rodrigues Lima e Silva, 17 anos, foi homenageada por alunos e professores ontem, na Escola Estadual Antonio Marinho de Carvalho Filho, em Presidente Venceslau. A adolescente tem recebido inúmeros elogios por se destacar com nota mil na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), pontuação máxima. A prova foi realizada no final do ano passado, quando ela ainda tinha 16 anos e cursava o 2º ano do ensino médio, mas o indicador foi divulgado somente em janeiro.

A adolescente está entre as 250 pessoas que alcançaram a pontuação total, dos 529 mil alunos que prestaram o exame em todo o país. Hoje ela cursa o 3º ano e prossegue com empenho para conquistar a margem novamente na prova deste ano.

A garota realizou a prova no estilo "treineiro", mas sua pontuação foi suficiente para ingressar no curso de Engenharia Ambiental, na Universidade de Minas Gerais, em Passos, interior daquele Estado. "Por eu ainda estar no 3º ano, não poderia entrar. Somente se recorresse à Justiça. Mas, meus pais conversaram comigo e achamos melhor concluir o ensino médio e me preparar para a próxima prova", relata. A estudante pretende cursar Engenharia Ambiental ou Engenharia de Biossistemas em instituições federais ou estaduais.

Silva tem muito gosto por disciplinas das ciências exatas e certa aversão às ciências humanas, "embora tenha um bom rendimento escolar de forma geral", diz Lisandre Aparecida Rodrigues dos Santos, mãe da estudante. "Fiquei surpresa quando soubemos da nota dela. Acho minha filha muito competente, mas não esperava que a nota fosse tão alta na redação, justamente por saber de seu apreço pelos números e não dar tanta atenção para as letras".

A mãe da jovem, que é professora de Língua Portuguesa na mesma escola que a filha estuda, diz que ela é aplicada e leitora assídua. "Temos livros em casa e sempre dei incentivo", comenta. "Gosto de ler, gosto de literatura. Não gosto de gramática", explica a menina nota mil.

O tema da redação foi ‘Publicidade infantil em questão no Brasil’. Ela diz que fez várias leituras sobre temas possíveis, entre elas a crise hídrica, mas não imaginava que poderia ser sobre publicidade infantil. "Relatei minha posição no texto e argumentei as ideias. Acredito que o problema não está na publicidade, mas sim no sistema de educação de alguns pais, pois cabe a eles conscientizarem e limitarem as ações de seus filhos", defende.

 

Visão de mestre

Outra pessoa que não poupa elogios à estudante é a professora de Português, Marilani Soares Vanalli, uma das incentivadoras que dirige uma atividade na escola chamada "Revista Literária", reunindo contos, crônicas e poemas dos alunos. "Luisa participa do projeto e é muito presente. Seus textos são bem articulados e ela escreve com muita clareza. O vocabulário é rico, as palavras bem empregadas. Sua intelectualidade já é de nível superior", completa a docente.

O que também deixa as pessoas contentes com a conquista da adolescente é que ela é deficiente auditiva e sua deficiência nunca atrapalhou seu rendimento escolar. Aos 11 meses, a garota nota mil teve uma meningite bacteriana e perdeu a audição, quando passou a usar aparelho auditivo e frequentar fonoaudióloga. "Ela fez cirurgia coclear no ouvido direito e usa aparelho do esquerdo, mas nada disso dificultou o aprendizado dela. Nunca precisamos matriculá-la em uma escola especial", destaca a mãe.

Na nota geral, fora a redação, as matérias exatas também tiveram destaque. Além de cursar o último ano do ensino médio, a adolescente também faz um curso técnico em contabilidade à noite e lê nas horas vagas. "Agora, é seguir com os estudos e me empenhar para o próximo Enem", comenta.