Até a década de 1960 houve nítida valorização da cultura. As celebridades eram os cientistas, filósofos, grandes escritores, mestres, enfim, pessoas que colaboravam com a humanidade pelos seus feitos. Mas nessas mesmas décadas, o mundo ocidental já tinha a marca vil de um capitalismo selvagem. Foi nesse momento histórico que nasceu a revolução da contracultura no coração do capitalismo, liderada por jovens pensantes americanos, movimento hippie e pelos Beatles.
A contracultura foi uma revolução pacífica nos moldes de Mahatma Gandhi e Martin Luther King. Os jovens lutavam contra a alienação das massas, pelo antimilitarismo, pela liberdade e por um mundo mais espiritualizado. Paradoxalmente, esse movimento, anticapitalista por excelência, nasceu no coração dos países mais capitalistas do mundo – Estados Unidos e Inglaterra – e liderado por filhos seus. Os detentores do poder sentiram-se fortemente ameaçados por essa revolução que quase ganhou o mundo. Como contê-la? Naquela época os jovens não conheciam o perigo letal das drogas e, na busca enganosa de um nível elevado consciência, partiram para o consumo das mesmas. O Estado, então, ameaçado, facilitou a aquisição do consumo... Assim, o movimento da contracultura, no seu apogeu, entra em decadência pela inanição e morte dos seus líderes, provocadas pela droga. Em 20 anos a revolução que quase ganhara o mundo, entra em colapso.
O resultado desse movimento conduziu à consciência de que a cultura é perigosa, porque gera pessoas pensantes, coloca em xeque sistemas e ameaçam poderosos. Os detentores do sistema mediante outras possíveis ameaças propuseram a substituição das celebridades de antes de 1960 por celebridades alienadas e alienantes, expostas como modelo a ser seguido. Na atualidade elas são exibidas nos meios de comunicação de massa e em revistas como Caras, televisão e mídia em geral. O “ser” foi substituído pelo “parecer” e a essência pelo “invólucro”. Nas escolas, produto da cultura vigente, fora adotado currículo enciclopédico e o pensar substituído pelo “acumular”, base do sistema capitalista. Filosofia, sociologia e ética, a que os jovens apreciam, foram excluídas dos currículos escolares. Não obstante, em termos de consequência, será que os próprios Estados Unidos e seus seguidores, em particular o Brasil, não estão pagando preço caro demais por essa virada?
O que importa ainda para muitos não é ser celebridade, mas ser importante no sentido de ser importado aos corações das pessoas pela contribuição humanitária que se constrói. Este contexto é elástico, e nele cabe não somente grandes filósofos, cientistas e personalidades que facultaram o processo civilizatório. Cada cidadão anônimo faz a diferença, porque todos os seres humanos participam do inconsciente coletivo, participam da conexão e construção do cosmo; assim, cada um atua na transformação do mundo, para o bem ou para o mal. Uma pessoa importante para Presidente Prudente, por ter sido importada aos corações de centenas de milhares de alunos, e de tantos amigos, é a professora Hebe, esposa do nosso querido professor do Benjamim Resende. Ela partiu, mas continua viva nos nossos corações. São “os e as Hebes” que constroem e fazem a diferença no mundo. Como escreveu William Shakespeare: “A água corre tranquila quando o rio é fundo”.