As obras de aterro e terraplanagem do MAHOP (Museu Arqueológico e Histórico do Oeste Paulista) em Presidente Epitácio foram concluídas pela Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Relações Agrárias na última semana. Além do trabalho de construção do prédio e toda a estrutura do projeto, estão em andamento a curadoria e análise tecnológica do acervo; as atividades são conduzidas pelo geógrafo da Prefeitura da Estância Turística de Presidente Epitácio, Jean Ítalo de Araújo Cabrera.
De acordo com a Prefeitura, o acervo do MAHOP já conta com mais de 11 mil peças catalogadas, descobertas do sítio arqueológico Lagoa São Paulo - 02, sendo que o município possui 46 sítios arqueológicos cadastrados nos Laboratórios de Arqueologia da FCT Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista). A maior parte dos itens que fazem parte do acervo do museu ficará sob os cuidados da Unesp de Presidente Prudente, até a conclusão do projeto de construção e estruturação.
“A cada visita ao sítio arqueológico, novas descobertas são feitas. O trabalho de evidenciação dos vestígios arqueológicos, por exemplo, pode levar dias, é uma atividade minuciosa e detalhista, e o trabalho de curadoria de cada item demanda análise rigorosa, pois características como decoração, queima, pasta e tipo de técnica de manufatura são levadas em consideração para determinar como e quais as populações que confeccionaram esses materiais”, afirma o geógrafo.
Entre os últimos itens que já passaram por curadoria, estão materiais arqueológicos de grupos agricultores-coletores da tradição Tupi-Guarani, como cerâmicas e pedras polidas, com uma datação aproximada de 1050 anos A.P. (antes do presente); assim como os artefatos em pedra lascada, com aproximadamente 7 mil anos A.P., pertencentes a grupos de caçadores-coletores da tradição Umbú.
“Características como a decoração corrugada e caco moído dentro da pasta indicam o traço cultural da tradição Tupi-Guarani. Dependendo da peça, é possível reconstituir o tamanho e o uso na época. Por exemplo, recipientes menores eram usados para armazenamento de pinturas, os medianos para armazenamento de grãos e os grandes para cozimento e, posteriormente, até para sepultamentos”, explica Jean Ítalo.
De acordo com a Prefeitura, o projeto do museu prevê a sequência do trabalho de pesquisadores, pois itens serão preservados in loco, o que possibilitará aos visitantes a visualização das escavações reais. O intuito é fomentar o turismo arqueológico e histórico, além da Educação Patrimonial de Presidente Epitácio, por meio da preservação das peças no sítio arqueológico e ainda incentivar o desenvolvimento de estudos sobre diversas frentes, como Arqueologia, Estudos Ambientais, Cartográficos e Geográficos, Geologia, História, entre outras áreas do conhecimento.
A construção do MAHOP foi desenvolvida com base no trabalho de pesquisadores da Unesp dos campi: FCT de Presidente Prudente e FEC (Faculdade de Engenharia e Ciências) de Rosana. Com o apoio dos Ministérios Públicos Federal e Estadual e da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), através do Contrato de Repasse nº 0460590-64/2023/Cesp/Caixa e investimentos do Tesouro Municipal. A previsão para a construção é de 18 meses.
Fotos: Thais Ferreira
Materiais arqueológicos de grupos agricultores-coletores da tradição Tupi-Guarani