Alemão grandão. Quem? O roqueiro George Freedman, que foi embora deste mundo de ilusões no último fim de semana. Tinha 82 anos. Nasceu em Berlim e veio para o Brasil com os pais. Nos documentos, o nome de batismo: Jorg Detlef Friedmann.
Alto e galã, o cantor George Freedman pode ser considerado um dos pioneiros do rock no Brasil, ao lado de Celly Campello, Tony Campello e, claro, Carlos Gonzaga. Fez pontas em filmes do Mazzaropi, um dos reis do cinema brasileiro.
A carreira dele começou a deslanchar em 1961 com as músicas "Adivinhão" e "Inveja", ambas de autoria de Baby Santiago. "Adivinhão" é um rock divertido. A letra fala do pai que está de olho no namorado da filha. "Você anda namorando a minha filha com segunda intenção. Quando fala em casamento você faz careta", diz o pai. Ao que o rapaz responde: "Adivinhão, adivinhão". Muitos anos depois o Kid Vinil gravou este rock e se deu bem.
Quanto ao Baby Santiago, eu o conheci nas "quebradas do mundaréu", como dizia o Plínio Marcos. Era um roqueiro nato e fã do Little Richard. Também é dele o "Rock do Saci", sucesso do Demétrius.
Um ano depois, Freedman se destacou com as músicas "Canção do Casamento" e "Um beijinho só". O ano de 1966 foi muito bom para ele. O cantor gravou "Um grande amor" e "Coisinha Estúpida". A coisinha em questão foi seu maior sucesso. É uma versão de "Something Stupid", que um certo Francis Albert Sinatra gravou em dueto com a filha Nancy Sinatra.
Numa bela entrevista ao produtor e diretor Sergio Baldassarini Júnior, o cantor falou de seus problemas de saúde: "Tive cinco derrames cerebrais. Estou aqui", contou de um jeito bem-humorado, sem grilos. Não é fácil, hein? Sobreviveu a cinco AVCs, uma doença que assusta todo mundo.
George Freedman também falou de sua amizade com Erasmo Carlos. "Ele comprou um fusquinha zero km, mas não sabia dirigir. Para quê ter carro sem saber guiar, Erasmo? Eu dei umas aulas para o Erasmo. Ensinei ele a dirigir", explicou, acrescentando que, mais pra frente, Erasmo tirou carteira de motorista.
Ainda sobre Erasmo Carlos, ele contou que uma vez o Tremendão, apelido de Erasmo, lhe deu seu cachimbo para fumar. "Fumei no cachimbo do Erasmo e, dias depois, peguei hepatite, hepatite do cachimbo do Erasmo", brincou Freedman, que considerava o Tremendão "um bom amigo".
Se Freedman escapou de cinco derrames, não conseguiu escapar de um infarto no último fim de semana. Li que ele morava no Guarujá e trabalhava como corretor de imóveis. Freedman passava a imagem de uma pessoa doce, um homem bom. Deixou sua marca no rock nacional e uma grande saudade.
DROPS
Deltantã Dinheirol foi lavado pela Vaza Jato.
Chore. Você não está sendo filmado.
Se você não consegue chorar lágrimas de crocodilo, chore lágrimas de jacaré.
Pimenta nos olhos dos outros é colírio.