Neste sábado, a área de preservação da Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar), em Presidente Epitácio, volta a ser ponto de encontro para quem busca mais do que observar aves: o objetivo é também contribuir com a ciência e refletir sobre a conservação ambiental. A partir das 7h, ocorre ali a terceira edição local do Global Big Day, maior evento mundial de observação de aves, que reúne participantes de diferentes países em uma “maratona” de 24 horas de registros de aves.
Realizado anualmente em maio, o Global Big Day é organizado pelo Cornell Lab of Ornithology, em parceria com a plataforma eBird, que coleta e disponibiliza dados globais sobre aves. No Brasil, a prática da observação vem ganhando força, e na região de Presidente Epitácio, o movimento ainda está em fase de consolidação – algo que a Apoena espera mudar.
“É o terceiro ano que fazemos esse evento na nossa área de restauração florestal. No começo, havia pouquíssimas espécies. Hoje, são mais de 200 registradas. As aves ajudam a manter esse processo, dispersam sementes e promovem um ciclo virtuoso de regeneração”, afirma Djalma Weffort, presidente da associação.
A área utilizada para a ação, às margens do reservatório da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, começou a ser reflorestada no ano 2000. São 256 hectares, com mais de um milhão de árvores plantadas. “Queremos mostrar que restaurar é possível e necessário. Nossa região foi muito devastada, e a cobertura florestal é mínima. Precisamos conservar o que restou e recuperar o que foi perdido”, reforça Djalma.
Para a turismóloga e observadora Sandra Rosecler, organizadora do evento, o papel das pessoas comuns é essencial: “A observação de aves pode ser feita em qualquer local, em qualquer momento, desde o quintal da gente, nos centros urbanos, nas áreas de preservação, então, é algo que pode ser feito a qualquer momento. O que importa nisso tudo é a ciência cidadã. É a gente poder colaborar com informações que vão ajudar a ciência. A gente não precisa ser um profissional da ciência para poder estar colaborando, não?”, destaca.
Nesta edição, a organização dividirá os participantes em dois grupos: um ficará próximo à sede, com mais sombra e acessibilidade, e o outro fará uma trilha em busca de novas espécies. “É um evento para todas as idades, para quem quer fotografar, usar binóculo ou só contemplar. A gente ainda organiza um café da manhã coletivo. É um momento de convivência e de troca com a natureza”, completa Sandra.
Além da experiência sensorial e do contato com o meio ambiente, a iniciativa carrega um compromisso com o futuro. Questionada pela reportagem sobre a velha máxima que diz “mais um vale um pássaro na mão do que dois voando”, Sandra é direta: “Acho que está meio defasada. Eu quero muitos pássaros no céu voando e nenhum na mão”.
“A preservação das aves é de extrema importância, porque a gente tem que deixar para as próximas gerações conseguirem fazer estes avistamentos, conseguir acompanhar de perto isso tudo que a gente está tendo agora neste momento. Então, é superimportante a preservação e a coleta de dados também, que é onde vai se ter os estudos sobre a migração, comportamento, entre outros fatores que estão associados às aves”, finaliza.
A participação é gratuita. Para contribuir com o café da manhã, basta levar um item de lanche. A recomendação é usar roupas leves, levar água, celular, máquina ou binóculo – ou apenas disposição para apreciar a natureza.
Cedidas/Apoena
No ano passado, adesão foi maior que em relação à primeira edição do Global Big Day em Epitácio
Organizadora do evento na Apoena, Sandra Rosecleir com uma arará-canindé (Ara ararauna)
Primavera (Nengetus cinereus)
Anhuma (Anhima cornuta)
Tuiuiú (Jabiru mycteria)