Gordura se auto-preserva

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Há pessoas vaidosas que se preocupam com a gordura acumulada na “barriga”, mas há outras que consideram a “barriguinha de cerveja” um charme. O fato é que, quando a circunferência da cintura começa a aumentar, é hora de se preocupar e tomar uma atitude. Pois, como diz muito bem o Dr. André Pirajá (infectologista), “não é apenas questão de estética”. É principalmente de saúde.

CINTURA

 Há duas medidas simples que todos podem (e devem) fazer em casa, quando o médico, nutricionista ou professor de Educação Física ainda não as fizeram. 1) Circunferência da cintura, que representa a gordura visceral, acumulada entre os órgãos da cavidade abdominal: apalpe a parte inferior das costelas e meça logo abaixo usando uma fita flexível. Essa medida deve ser menor que 102 cm para homens e menor que 88 cm para mulheres.

CINTURA-QUADRIL

 A outra medida é da 2) circunferência do quadril, medida também com fita flexível na parte de maior volume desta região. Tendo os dois resultados, faça uma divisão das circunferências cintura / quadril. O resultado deve ser menor que 0,95 para homens e menor que 0,80 para mulheres. É um cálculo simples que indica a distribuição da gordura. Quanto mais gordura acumulada no “centro” de seu corpo, maior o risco para doenças cardiovasculares e outras.

MELHOR “TIMING”

 Manter o corpo sem excesso de gordura deve ser um “objetivo de saúde” em todas as idades. Porém, a entrada na meia-idade, ou seja, os 35+ representam o melhor “timing” (ocasião) para reforçar os cuidados. A partir de então a dieta adequada e saudável deve ser definitiva, e não uma sucessão de dieta da moda com começo-fim. A prática de exercícios aeróbios e de força deve ser regular e definitiva, e não uma sucessão anual de projeto-verão ou seca-barriga.

DIFICULDADE PROGRESSIVA

 A partir dos 35+ a perda da gordura acumulada em excesso fica cada vez mais lenta e difícil. E pode ficar ainda pior com a sucessão de dietas com restrição severa (consumo < 800 Kcal/d) e períodos de jejum. Estudo publicado no periódico Cell Reports em 2021 analisou o efeito do jejum em dias alternados. No tecido adiposo visceral houve diminuição 1) do receptor adrenérgico beta-3, 2) da quebra de gordura e 3) da concentração de ácidos graxos livres circulantes, 4) também aumento do processo de armazenamento de gordura no tecido adiposo visceral e subcutâneo.

AUTO-PRESERVAÇÃO

 O tecido adiposo tem papel central no metabolismo das gorduras. No estado alimentado é o único que pode armazenar os excessos de gordura circulante. No estado de jejum atua como principal fornecedor de energia. O estudo mencionado demonstrou que há sinais para preservação das reservas quando há escassez (jejum) repetida. No jejum pode ocorrer também diminuição da massa magra (quebra de proteínas musculares), já que exige a produção de glicose, usando aminoácidos como matéria prima. Enfim, longos intervalos sem alimentos parecem não ser boa estratégia para o emagrecimento.

 

Há sinais para preservação das reservas quando há escassez (jejum) repetida. No jejum pode ocorrer também diminuição da massa magra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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