Grupo "Amor Azul” leva autistas ao cinema em PP

Meia luz, som baixinho, apresentação da música “Pra ser feliz", de Daniel e exibição de “Divertidamente" estavam na programação

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 07/04/2016
Horário 10:07
A Sala de Cinema Condessa Filomena Matarazzo, no Centro Cultural Matarazzo de Presidente Prudente, ficou à meia luz e com o som mais baixinho tocando ao fundo "Raridade", de Anderson Freire, na tarde de ontem. Foi assim que mamães, professoras e seus filhos e alunos que vivem na condição do TEA (transtorno do espectro do autismo), foram recebidas para a primeira vez do projeto "Cinema Azul", com exibição do filme "Divertidamente". A realização foi do grupo prudentino de mães, "Amor Azul" e apoio da Secult (Secretaria Municipal de Cultura) em alusão ao "Dia da Concientização do Autista", celebrado no dia 2 de abril.

Jornal O Imparcial Alexandra Cominali: "A pior coisa, o que nos machuca profundamente é o preconceito"

Na abertura, Gabriel Dolfini, 21 anos, que é autista, cantou a canção de Daniel "Pra ser feliz", acompanhado do seu professor de violão, Lucas Ferreira. Tudo a ver com o objetivo dessas mães que lutam em busca da inclusão, que é direito de seus filhos e dever de uma sociedade consciente, segundo elas relatam. (confira em destaque a letra completa).

"Eu gosto muito de música romântica. Me emociono quando ouço!", exclamou Gabriel.

Andreia Teixeira Martinez Guilete, 38 anos, mãe da adolescente Giovana, de 13 anos, que também á autista foi quem teve essa ideia, como já mencionou em outra publicação dessa semana, após vê-la ocorrer no Rio de Janeiro, em Brasília (DF) e depois em São Paulo.

"Pensei: o ‘não’ eu já tenho, então vou buscar um ‘sim’ e tentar trazer esse projeto para as nossas crianças. Recebi dois nãos quanto às salas e ao contatar os organizadores de eventos da Secult, na hora nos garantiram apoio. É que mais precisamos das autoridades governamentais e, principalmente, da população em geral que muitas vezes torce o nariz para o que sequer conhece", ressalta Andreia.

 

Preconceito que machuca


Um certo cansaço pode ser notado no semblante de Alexandra Cominali, 46 anos, moradora de Dracena, que veio com seu filho João Paulo de 11 anos, autista não-verbal. Mas, surpreende com suas palavras fortes: "Ele é uma bênção. A pior coisa, o que nos machuca profundamente, é o preconceito", garante Alexandra.

As professoras da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Rancharia e Prudente, respectivamente Liliany Romanholo, 37 anos, e Michele Galhardo Vasconcelos, 33 anos, são enfáticas ao dizerem que o maior problema das pessoas é falar de algo que desconhecem. Que não vivenciam. "A partir do momento que começa a lidar com um autista vamos descobrindo neles potencialidades incríveis. Trabalho com eles há cinco anos e com os métodos certos vamos tentando interági-los", destaca Liliany.

"Trabalho no setor desde que foi aberto, há seis anos. Dentro da instituição procuramos fazer atividades como ocorre aqui fora. Então criamos um ambiente como uma sala de cinema, por exemplo. Mas, trazê-los para o mesmo, fora do mundo que elas eles estão acostumados, é diferente e emociona. Isso é muito bom. Eles precisam de lazer", completa Michele.

 

MÚSICA

"Pra ser feliz" (Daniel)

 

Ás vezes é mais fácil reclamar da sorte

Do que na adversidade ser mais forte

Querer subir sem batalhar

Pedir carinho sem se dar, sem olhar do lado

 

Já Imaginou de onde vem a luz de um cego

Já cogitou descer de cima do seu ego

Tem tanta gente por aí na exclusão

E ainda sorri, tenho me perguntado

 

Pra ser feliz

Do que é que o ser humano necessita

O que é que faz a vida ser bonita

A resposta onde é que está escrita

 

Pra ser feliz

O quanto de dinheiro eu preciso

Como é que se conquista o paraíso

Quanto custa pro verdadeiro sorriso

Brotar do coração

 

Talvez a chave seja a simplicidade

Talvez prestar mais atenção na realidade

Porque não ver como lição

O exemplo de superação de tantas pessoas

 

O tudo às vezes se confunde com o nada

No sobe e desce da misteriosa escada

E não tem como calcular

Não é possível planejar

Não é estratégico

 

Pra ser feliz...

 

 
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