História do tempo presente

OPINIÃO - Thiago Granja Belieiro

Data 27/01/2022
Horário 04:30

A história do tempo presente, entre muitas características, define-se pela contemporaneidade de seus objetos de estudo, isto é, diferentemente da História, digamos, tradicional, a história do tempo presente estuda fatos contemporâneos à vida do historiador, podendo ser chamada como história do hoje e do agora, na definição do historiador francês Jacques Derrida. 
Essa característica central traz uma vantagem e uma desvantagem. A vantagem é que, como contemporâneo dos fatos estudados, o historiador tem acesso aos acontecimentos em primeira mão, sendo testemunha e investigador ao mesmo tempo. Outra vantagem nesse ponto é a enorme quantidade de fontes à disposição do pesquisador, que com elas pode narrar sua história. 
A desvantagem, porém, é que, como os fatos estudados continuam em curso, o historiador do tempo presente não consegue ter uma visão do todo, ou seja, o enredo da sua história estará sempre em aberto, o que implica uma visão sempre parcial, por um lado, e por outro, a implicação de que essa é uma história que necessariamente terá de ser reescrita no futuro. 
Tendo essas questões em consideração, tenho evitado conjecturar e refletir sobre o curso da pandemia. Certamente que, muito que fora escrito nesses últimos dois anos a respeito desse trágico evento histórico do nosso presente deve ter causado desconforto em seus autores, tamanha a imprevisibilidade que o vírus apresenta. Por isso é arriscado fazer prognósticos sobre os próximos meses ou o próximo ano. 
Apesar disso, o que temos agora é um dos piores momentos da pandemia, que segue com infecções aceleradas, em detrimento da vacinação e da queda no número de mortes. Ainda, as reinfecções parecem ser comuns, sobretudo com as novas variantes. E mais, a possibilidade do surgimento de uma nova variante é tão certa quanto o crescimento do número de internações e mortes, tendências que os números de hoje apontam. 
A única certeza que temos, sobretudo para quem não se infectou, é de que máscaras funcionam e vacinas impedem casos graves. A História, mesmo a do presente, parece que há muito deixou de ser a mestra da vida. Apesar de vivermos nela, parece que poucos de nós aprendemos suas lições. 


 

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