HR inicia novo sistema de atendimento em setembro

Medida busca priorizar casos de média e alta complexidade, considerados graves ou gravíssimos, transferindo ocorrências simples para outras unidades

PRUDENTE - André Esteves

Data 29/07/2016
Horário 09:08
 

 

Com o objetivo de otimizar os atendimentos emergenciais, o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, em Presidente Prudente, inicia, a partir de 1º de setembro, um novo sistema de assistência referenciada, que busca priorizar casos de média e alta complexidade, considerados graves ou gravíssimos, transferindo as ocorrências simples para UBSs (Unidades Básicas de Saúde), ESFs (Estratégias de Saúde da Família), UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) e unidades 24 horas dos municípios. O anúncio oficial foi feito em uma reunião aberta para os representantes das 45 cidades pertencentes ao DRS-11 (Departamento Regional de Saúde), na manhã de ontem, no anfiteatro do hospital.

Jornal O Imparcial Reunião realizada na manhã de ontem, no hospital, oficializou novo sistema de atendimento

De acordo com o coordenador do pronto-socorro do HR, Igor Costa Almeida, a medida propõe que a demanda espontânea, ou seja, aquela que chega sem encaminhamento, não seja mais atendida pelo hospital, que passa a reservar o atendimento aos pacientes levados por equipes de resgate, como o Corpo de Bombeiros, o Grau (Grupo de Resgate e Atenção às Urgências) e a Cart (Concessionária Auto Raposo Tavares). "Hoje, 70% dos atendimentos no HR são de complexidade baixa, sendo que estes poderiam ser absorvidos pelas demais unidades", acentua. "Com essa nova medida, vamos melhorar a eficiência do corpo médico e estrutura do hospital e diminuir a superlotação na unidade", destaca.

Igor explica que o novo sistema não será viabilizado de forma abrupta. "Passaremos por um período de transição. Ou seja, a princípio, os pacientes que recorrerem ao HR não deixarão de ser atendidos, porém, serão orientados a procurar as UBSs em futuras eventualidades", aponta. O coordenador pede que os casos não urgentes, classificados com as cores azul e verde, como gripes, resfriados, enxaquecas e lombalgias, sejam atendidos, primeiramente, em postos de saúde dos bairros, enquanto os de urgência moderada, classificados com a cor amarela, como dores crônicas e agudas, sejam encaminhados para uma unidade 24 horas. "Se durante o atendimento, for constatado algum agravo, só então o paciente é direcionado ao HR", salienta.

O médico ressalta ainda que, a partir de 15 de agosto, passa a funcionar uma Central de Regulação do Pronto-Socorro, que poderá ser acionada pelo ramal 1554 e visa atender os 36 municípios regionais que não possuem referência direta com o HR. "Antes de encaminhar o paciente, a unidade liga para o hospital e faz o agendamento", expõe.

 

Filas


O secretário municipal da Saúde, Sérgio Luiz Cordeiro de Andrade, avalia que as UBSs devem receber um volume muito maior com a restrição de atendimento no HR, no entanto, acredita que as unidades estão preparadas para prestar a devida assistência. "A espera nas unidades varia conforme a capacidade, portanto, o tempo é relativo. Nas UPAs, o paciente pode esperar até quatro horas, que é considerado um prazo razoável. É preciso levar em consideração os casos mais graves, que serão atendidos de forma muito mais rápida", enfatiza.

O diretor administrativo do HR, Luciano Luiz Leite da Silva, frei Jacó, por sua vez, reforça que a medida é importante para melhorar a qualidade do atendimento a casos urgentes e emergenciais, pois o hospital recebe, hoje, 22 mil pacientes por mês, quando o limite deveria ser de 16 mil. "Temos um bom financiamento, mas a estrutura precisa ser organizada. É válido destacar que a intenção não é desassistir, mas potencializar. Já foi passado para nós que houve a ampliação do volume de médicos nos postos de saúde, que vão agir mutuamente com o HR", realça.

 

Controvérsia


Para o secretário municipal de Saúde de Tarabai, Mário Henrique Machado, a transição está sendo imposta de forma muito rápida e sem estabelecer diálogo com secretarias de outros municípios da região. "Não discordo que a medida venha para melhorar os atendimentos, todavia, ainda temos dificuldade para fazer o referenciamento. Não achei que esse assunto foi amplamente discutido e a mim parece uma imposição", afirma. "Nós, os municípios, somos os maiores interessados na questão e a porta de entrada para os atendimentos, portanto, faltou maior diálogo", opina. Mário defende a necessidade de um tempo maior para analisar a decisão. "Setembro está logo aí. O prazo é insuficiente para colocar a população a par disso tudo", pontua.

 

 
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