A quantidade de habitantes na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado cresceu 0,45% em 2017, conforme as estimativas populacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgadas ontem no DOU (Diário Oficial da União). Enquanto em 2016, a região era composta por 884.251 pessoas, neste ano, o número saltou para 888.219. Isso significa um aumento de 3.968 munícipes. Com esse total, daria para encher o Estádio Caetano Peretti, em Presidente Prudente. Entre as 53 cidades regionais, 44 (83%) apresentaram crescimento populacional, enquanto nove (17%) registraram evasão de residentes.
Embora o cenário geral seja de evolução, o professor de Geografia da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), Raul Borges Guimarães, observa que a maioria dos municípios aponta variação na casa do zero. Isso ocorre em função do baixo dinamismo econômico, que leva as pessoas a migrarem para médias e grandes cidades em busca de uma vida melhor. Apesar disso, a tendência na capital regional também é de decréscimo, resultado da falta de oportunidades profissionais e pouca diversidade de setores – tanto que seu crescimento está abaixo da média do Estado e à frente apenas dos índices de Registro, capital do Vale do Ribeira. Conforme o docente, a desaceleração populacional ainda é influenciada pela redução progressiva da taxa de fecundidade e aumento da população idosa.
Aumentos e declínios
O município com maior elevação foi Pracinha (2,98%), que saiu de 3.659 para 3.768 pessoas, seguida por Marabá Paulista (1,57%), cuja evolução populacional foi de 5.524 para 5.611 habitantes; e Caiuá (1,19%), que passou de 5.628 para 5.695 cidadãos. Já as três cidades com maior recuo foram Flora Rica (-1,94%), cujo número de cidadãos caiu de 1.602 para 1.571; Rosana, que registrou uma queda de 1,82% (de 18.124 para 17.795 moradores); e Presidente Bernardes (-0,55%), onde foram estimados 74 munícipes a menos (de 13.494 para 13.420).
O prefeito de Bernardes, Luccas Inague Rodrigues (PP), destaca que as estimativas populacionais anuais do IBGE partem do censo de 2010, ano em que foi realizado o último estudo estatístico do país. Na ocasião, a penitenciária do município passava por reformas e, por esta razão, houve a transferência da população carcerária, que não foi considerada pelo recenseamento. Com isso, a população da época, que girava em torno de 16 mil habitantes, foi registrada com 2 mil pessoas a menos.
Para o chefe do Executivo, esse déficit trouxe “impactos negativos” para a arrecadação municipal, tendo em vista que se antes Bernardes recebia 1% do IPM (Índice de Participação dos Municípios), agora tinha acesso a 0,8%. “Em números, isso gera uma diferença de R$ 250 mil por mês e de R$ 2 a R$ 3 milhões por ano. Até 2020, quando será feito o novo censo, vamos perder de R$ 20 a R$ 30 milhões de impostos”, comenta Luccas.
Visando reverter esse prejuízo, o gestor entrou na Justiça, a fim de que uma nova contagem seja realizada na cidade, considerando que a população estimada pelo IBGE hoje não corresponde ao número real de habitantes, sobretudo em virtude da população carcerária. Agora, ele espera o resultado. “A queda no recolhimento dos impostos acaba acometendo a folha de pagamento: ao diminuir a arrecadação, há o aumento da folha”, pontua.
Euclides da Cunha Paulista também apresentou decréscimo populacional no período analisado, passando de 9,6 mil habitantes para 9.559 – queda de 0,43%. O prefeito Christian Fuziki Ikeda (PSD) também lamenta o impacto da retração no recebimento de repasses de recursos, e ressalta que o “êxodo” populacional se deve, principalmente, ao desemprego. “Os jovens adultos têm deixado a cidade em busca de oportunidades em municípios como Três Lagoas [MS], Teodoro Sampaio, Prudente, Maringá [PR] e Itajaí [SC]”, enumera.
Procurado pela reportagem, o prefeito de Rosana, Sílvio Gabriel (PSD), não quis se posicionar, alegando que ainda não teve acesso aos dados informados.
Maiores e menores
No ranqueamento das maiores cidades da região, destacam-se, nos três primeiros lugares, Presidente Prudente, com 225.271 pessoas (contra 223.749 em 2016); Dracena, com 46.324 (ante 46.088 no ano passado); e Presidente Epitácio, com 43.897 (contra 43.718 em 2016). Já entre os menores municípios, estão Flora Rica, com 1.571 habitantes, São João do Pau D’Alho, com 2.132 (perdendo quatro residentes) e Ribeirão dos Índios, com 2.243 (um a menos do que no ano anterior).