João Paulo de Toledo, sócio da Ibiuna Investimentos Ibiuna Investimentos, abriu a roda de conversa destacando a trajetória da gestora, que começou suas operações em 2010, logo após a eleição de Dilma Rousseff. Com quase R$ 14 bilhões sob gestão, a Ibiuna se consolidou como uma das maiores gestoras independentes do Brasil, sem vínculo com bancos, oferecendo fundos por meio de plataformas como a XP e a Manchester Investimentos. “É muito enriquecedor ter esse tipo de contato, ainda mais em tempos turbulentos”, afirmou João Paulo, reforçando a importância de parcerias com assessores que conhecem profundamente seus produtos.
A Ibiuna opera em três frentes principais: fundos multimercado, ações e crédito. Os fundos multimercado têm uma abordagem global, analisando moedas, títulos públicos e commodities em mercados como Brasil, Estados Unidos e Japão. “Olhamos o dólar contra o real, o euro contra a libra, sempre buscando a melhor posição no cenário macroeconômico”, explicou João Paulo. Na vertical de ações, a gestora realiza análises fundamentalistas detalhadas para identificar empresas subvalorizadas ou sobrevalorizadas, permitindo ganhos em diferentes cenários. Já na área de crédito, a Ibiuna se beneficia da Selic elevada, oferecendo fundos que entregam retornos como Selic + 2% ou 3%, além de um novo fundo de debêntures incentivadas isento de Imposto de Renda, com 120% do CDI.
Lucas Pereira, sócio da Manchester Investimentos, trouxe à tona o ambiente de incerteza no Brasil, com a taxa Selic em 14,75%, a mais alta em décadas. Ele criticou a proposta do governo de excluir energia e alimentos do IPCA para controlar a inflação, classificando-a como “sensacional, genial” de forma irônica. João Paulo complementou, destacando a interligação entre política fiscal, juros e inflação. “Se você pisa no acelerador na parte fiscal, tem que pisar no freio nos juros”, afirmou, explicando por que a Selic permanece elevada. Ele também lembrou o contexto de 2020, quando a Selic caiu a 2% devido a um ambiente global de juros baixos e controle fiscal rigoroso, algo que não se repete hoje.
Impactos globais e o ciclo vicioso no Brasil
João Paulo analisou o cenário global, destacando o impacto da política monetária americana. Após a pandemia, os Estados Unidos enfrentaram uma inflação de 10%, a maior em 40 anos, forçando o Federal Reserve a elevar os juros de 0% para 5% rapidamente. Isso fortaleceu o dólar, pressionando moedas como o real e aumentando a inflação no Brasil. “Quando os EUA sobem juros, o dólar sobe contra todas as moedas, contaminando outros países”, explicou. No Brasil, a falta de controle fiscal sob o governo Lula exacerbou o problema, criando um “ciclo vicioso” de inflação alta, expectativas elevadas e dólar valorizado, dificultando a estabilização econômica.
Tarifas, estagflação e o papel do ouro
O impacto das tarifas comerciais, especialmente nos EUA, foi outro ponto central. João Paulo destacou que tarifas elevam a inflação e desaceleram a atividade econômica, podendo levar a um cenário de estagflação – alta inflação com baixo crescimento. “Nos EUA, a inflação pode ser alta em 2025, mas a atividade econômica terá dificuldade de se recuperar, diferente do pós-Covid”, alertou. Ele também observou que o dólar está perdendo força globalmente, com investidores reduzindo a exposição aos EUA e buscando ativos como ouro, que sobe em momentos de incerteza. “Se você tira dinheiro do título americano, onde coloca? O Japão tem uma dívida gigantesca, então o ouro ganha força”, afirmou.
Estratégias para investidores em 2025
Diante de um cenário global complexo, com tarifas, inflação e incertezas fiscais, João Paulo enfatizou a abordagem global da Ibiuna. “Estamos olhando mais para fora do que para o Brasil. Essa discussão vai dominar os mercados nos próximos seis a nove meses”, disse. A gestora mantém posições vendidas no real e no peso mexicano, apostando na alta de juros em países desenvolvidos e na queda em emergentes. Para os investidores, ele recomenda diversificação por meio de fundos multimercado, que podem capturar oportunidades em diferentes ativos e mercados, e fundos de crédito, que se beneficiam do juro alto.
Há esperança para o Brasil?
Lucas Pereira trouxe uma questão recorrente dos clientes: “Tem esperança para o Brasil?” João Paulo respondeu com cautela, destacando que a falta de disciplina fiscal é o maior obstáculo. “O Brasil entra num ciclo vicioso porque os investidores globais demandam um dólar mais alto para investir aqui”, disse. No entanto, ele acredita que gestoras como a Ibiuna, com uma visão global e estratégias diversificadas, podem oferecer retornos consistentes mesmo em tempos de incerteza. A parceria com a Manchester Investimentos reforça o acesso dos investidores a essas oportunidades, com assessores capacitados para orientar as melhores escolhas.
Conclusão: navegando a incerteza com estratégia
A roda de conversa entre Lucas Pereira e João Paulo de Toledo reforçou a importância de uma gestão ativa e global em tempos de volatilidade. Com a Selic em níveis históricos, inflação persistente e incertezas fiscais no Brasil, somadas a um cenário global de tarifas e estagflação, a Ibiuna Investimentos aposta na diversificação e na análise macroeconômica para proteger e rentabilizar o capital dos clientes. O evento destacou a relevância de parcerias com plataformas como a Manchester para oferecer soluções personalizadas, mantendo a confiança dos investidores em um futuro desafiador.