Impacto da fase emergencial no setor de materiais para construção

Segmento não havia sofrido a interferência direta das medidas do Plano São Paulo e estava em funcionamento normalmente na fase vermelha

REGIÃO - WEVERSON NASCIMENTO

Data 20/03/2021
Horário 05:08
Foto: Weverson Nascimento
Comerciantes alegam que o atendimento remoto dificulta as vendas
Comerciantes alegam que o atendimento remoto dificulta as vendas

A fase emergencial do Plano São Paulo de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus estabelece medidas mais duras de restrição de algumas atividades, inclusive, parte daquelas classificadas como essenciais. Entre elas está o funcionamento das lojas de materiais de construção, que até então não haviam sofrido a interferência direta das medidas do plano e estavam em funcionamento na fase vermelha.

A gerente da Pontal Materiais para Construção de Presidente Prudente, Fernanda Braghin, explica que é a favor de algumas medidas de restrição, como a redução/fracionamento de pessoas no mesmo ambiente, uso de álcool em gel e máscara, mas explica que algumas regras precisam ser repensadas pelo Estado não só para o seu setor, mas todos aqueles que necessitam manter a economia girando. “Dá para gente conviver com a dificuldade da pandemia respeitando a vida e o trabalho das pessoas. A gente tem que se cuidar, pois a doença existe e é grave, mas não se pode ‘impedir’ as pessoas de continuar trabalhando pelo seu sustento”, explica. “Quando se fecha algo, independentemente do setor, acaba gerando certa insegurança econômica na população”, acrescenta. 

Na empresa, as vendas já foram impactadas, principalmente por conta da dificuldade na hora de escolher o produto de forma remota, por exemplo. Nesta fase emergencial de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, fica liberado o serviço de retirada por clientes com veículo (drive-thru) e entrega na casa do comprador (delivery). A primeira medida, inclusive, é o que vem sendo feito pela Pontal Materiais para Construção neste período de maior restrição das atividades. A empresa também analisa a possibilidade de atender os clientes que não têm condições de ir até a loja. O serviço de entrega está sendo realizado normalmente.

Impacto nas vendas

O proprietário da Tanapi Materiais para Construção, Moisés Garcia, explica que o setor estava funcionado bem, mas estima que o fechamento reduza em até 70% as vendas. Ele teme que, assim como outras lojas fecharam definitivamente as portas ou enfrentaram uma grande crise financeira, o setor de materiais para construção também possa passar vivenciar este cenário.

Atualmente, o estabelecimento do proprietário se encontra fechado para atendimento ao cliente, pois diz que segue à risca todas as medidas impostas em decretos. Mas, explica que segue vendendo por telefone ou WhatsApp, uma tarefa um tanto complicada, principalmente porque na loja a pessoa pode ver, escolher o item e se informar sobre o produto com um vendedor. “Por telefone isso não possível. O cliente nem sempre consegue detalhar o que precisa”, reforça.

Moises acrescenta que a fase emergencial está na contramão da economia, pois o segmento de materiais para construção é essencial e produz mão de obra. “O material para construção leva a mão de obra junto. Hoje em dia temos uma parcela muito grande de profissionais que atuam e dependem deste setor da construção civil. Então, quando você dificulta em uma ponta, lá na frente você proporciona impacto para quem também precisa se manter”, explica.

Na Tanapi, por exemplo, há cabines que isolam o consumidor do vendedor, além da adoção de todas as medias sanitárias impostas como o distanciamento social, uso de álcool em gel e aferição de temperatura – uma forma que, segundo o proprietário, visa garantir a segurança dos clientes e do quadro de colaboradores.

O proprietário da ConstruLider Materiais para Construção, Vinicius Galonetti, por sua vez, explica que o novo cenário da fase emergencial “é complicado”, pois somente com o atendimento drive-thru e delivery o movimento acaba caindo. No que diz respeito ao serviço de retirada com veículo, ele explica que a não é uma tarefa fácil. “O cliente precisa de uma torneira e eu tenho mais de 20 modelos, por exemplo. Como eu faço para apresentar todas? Além disso, é necessário que o cliente veja e se informe sobre o produto que ele estará levando”, frisa.

Para ele, receber a notícia do fechamento foi um “grande choque” e alega que a nova decisão já afetou mais o seu empreendimento do que em março do ano passado, quando ficou 15 dias fechado diante da confirmação dos primeiros casos da doença. Em março deste ano, inclusive, ele contava com 10 obras para a oferta de produtos e materiais, e oito delas paralisaram diante da impossibilidade de acessar a loja, além da situação econômica fragilizada. Atualmente, para não deixar de trabalhar e ofertar itens necessários aos seus clientes, ele mesmo se dedica ao drive-thru. “Eu sei que tenho uma margem a menos, mas procuro fidelizar o cliente. Não se trata de um momento difícil apenas para o lojista, mas para quem precisa comprar também”.

A fase emergencial de maior restrição se estenderá até o dia 31 deste mês.

 

 

 

 

 

 

 

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