Importância da  arte e da cultura

OPINIÃO - Josué Pantaleão da Silva

Data 09/10/2025
Horário 05:00

Vivemos em um tempo marcado pelo excesso. Nunca antes a humanidade teve acesso a tanta informação, tantas imagens, sons, dados e mensagens circulando a cada segundo. As redes sociais, os portais de notícias, as plataformas de streaming e agora as inteligências artificiais generativas inundam nosso cotidiano com conteúdos prontos, rápidos e aparentemente ilimitados. Essa abundância, que poderia ser sinônimo de conhecimento e liberdade, muitas vezes se transforma em ruído, ansiedade e dispersão.
Nesse cenário de produção acelerada e consumo instantâneo, a arte e a cultura se revelam mais necessárias do que nunca. Elas representam a pausa, o respiro, o convite para desacelerar e mergulhar em experiências que exigem presença e atenção. Uma obra de arte não pede apenas que a olhemos, mas que a sintamos; uma canção não nos pede apenas para ouvi-la, mas para nos deixarmos tocar por ela; uma peça de teatro não nos pede apenas para assistir, mas para nos envolvermos na trama e nos reconhecermos nos personagens.
A cultura é o tecido que conecta gerações, preserva memórias e expressa a identidade de um povo. É por meio dela que se mantém vivas as tradições, os modos de falar, os ritmos, as danças, as histórias e os símbolos que formam a base da nossa vida coletiva. Quando apoiamos a cultura, apoiamos também a construção de sentido e pertencimento, algo que nenhuma tecnologia, por mais avançada que seja, consegue criar sozinha.
Na Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), esse compromisso com a valorização cultural é bem presente. Por meio do seu PDI (Programa de Desenvolvimento Institucional), a universidade vem ampliando o olhar para a importância da arte e da cultura no contexto acadêmico. Essa diretriz incentiva a integração entre os cursos e promove ações que aproximam a comunidade universitária de experiências artísticas e culturais, reconhecendo que a formação plena vai além do conhecimento técnico, abrangendo também a sensibilidade, a criatividade e o pensamento crítico.
As produções artificiais, por sua vez, impressionam pelo realismo e pela velocidade com que podem ser geradas. No entanto, elas carregam um traço fundamentalmente distinto: não nascem de vivências, de afetos, de histórias pessoais, de olhares únicos. Uma obra feita por mãos humanas carrega imperfeições, nuances e intenções que não podem ser programadas. É justamente nessas imperfeições que moram a beleza e a singularidade da criação artística.
Valorizar a arte e a cultura hoje é, de certo modo, um ato de resistência. É escolher dedicar tempo e atenção a algo que não se mede apenas em produtividade ou em quantidade de curtidas. É frequentar exposições, apoiar artistas locais, assistir a espetáculos, participar de rodas de leitura, visitar museus, ouvir músicas que contam histórias. É criar e fruir experiências que nos reconectam com aquilo que nos torna humanos: a sensibilidade, a imaginação e a capacidade de ver o mundo com outros olhos.
Num mundo saturado de produção artificial, a arte nos oferece profundidade em meio à superficialidade, silêncio em meio ao ruído, sentido em meio ao caos. Ela nos lembra que não somos apenas consumidores de dados, mas criadores de histórias. Sem a arte e a cultura, corremos o risco de nos perder em um oceano de informações que pouco nos transformam. Com elas, encontramos um farol — e, talvez, um caminho de volta para nós mesmos.

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