INSS registra 233 mil empréstimos consignados

Dado revela queda de 5% em relação ao mesmo período no ano passado, quando foram firmados mais de 248 mil contratos

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 25/08/2018
Horário 04:03
José Reis - Em 1 ano, procura por empréstimo consignado teve aumento de 300% na empresa de Fernanda
José Reis - Em 1 ano, procura por empréstimo consignado teve aumento de 300% na empresa de Fernanda

O número de empréstimos consignados averbados em benefícios previdenciários mantidos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), na região de Presidente Prudente, teve uma queda de 5,84% no período de um ano, já que nos primeiros sete meses do ano passado foram emitidos 248.449 empréstimos, que caíram para 233.939 até julho de 2018. O montante, no entanto, apresentou aumento, já que em 2017 foram R$ 531.175.130,31, que subiram para R$ 551.551.350,00 neste ano. O repasse do dinheiro é realizado por bancos e financeiras em acordo com a Previdência Social, para que, em seguida, as parcelas sejam descontadas do benefício dos aposentados e pensionistas. “O elevado grau de endividamento dos idosos pode ser o principal fator da queda no número de empréstimos consignados, já que houve uma mudança no perfil familiar, e eles, muitas vezes, voltaram a sustentar as suas famílias”, ressalta o economista Walter Dallari.

Conforme a Previdência Social, os números não se referem à quantidade de beneficiários que averbaram o empréstimo, já que uma mesma pessoa pode ter mais de um benefício em seu pagamento. A Previdência ressalta ainda que o número máximo de parcelas deve ser de 72 meses, e ressalta que a margem consignável, que é o valor máximo em que a renda pode ser comprometida, não deve ultrapassar 35% do valor da aposentadoria ou pensão recebida. “Entre as normas está a obrigatoriedade das instituições financeiras informarem previamente ao titular do benefício, no ato da contratação, o valor total financiado, taxa mensal e anual de juros, acréscimos remuneratórios, moratórios e tributário, valor, número e periodicidade das prestações e soma total a pagar pelo empréstimo”, esclarece.

Para o economista, não é possível dizer que há um cenário econômico melhor para este público, pela diminuição da contratação do crédito, já que, ao ver dele, o que realmente ocorre é um ambiente preocupante nos lares. “Há, hoje, um elevado grau de endividamento dos idosos e pensionistas, o que diminui o espaço para os empréstimos. Isso porque, os aposentados voltaram a sustentar as famílias, por diversos fatores como o desemprego, então, possivelmente, eles já estão com a situação financeira tomada por isso”, afirma Walter.

O especialista ressalta que o cenário para os próximos meses e até mesmo anos é o de queda ainda mais expressiva nos números de solicitações do benefício, justamente pelo que foi explicado, e ressalta que diante dos perigos dos empréstimos, o que as famílias e idosos podem fazer, diante de uma folga financeira ou até mesmo após quitar a dívida, é aplicar, mesmo que pouco, na poupança, que vai gerar lucro e pode ser vista como uma ação mais segura. “Esse tipo de empréstimo pode ser um perigo, já que é dificilmente quitado e regularizado, o que pode gerar uma bola de neve”, alerta.

Cenário local

A gerente administrativa da Solução Créditos, Sirlene Cristóvam, afirma que a procura por créditos, incluindo o consignado, se manteve equilibrada e sem muitas reações ou quedas no último ano, e diz que antes deste período, os melhores meses de vendas foram dezembro de 2016 e janeiro de 2017, quando houve uma leve reação de 10% nos contratos. “Temos um perfil que consegue trabalhar com todos os tipos de crédito. O empréstimo consignado, por ser descontado na folha de pagamento, tem juros que giram em torno de 2%, então, não acredito que seja algo que pode sair do controle”. Questionada sobre os juros baixos em relação aos demais, ela afirma que se trata da perspectiva de retorno, que neste caso é garantida pelo desconto no benefício da aposentadoria ou pensão e deixa de ser um risco.

Na contramão está a Fideliza Empréstimos. De acordo com a gestora da empresa, Fernanda Eustachio Alves, o aumento na procura por créditos foi tão significativa no último ano, que o período fechou com um aumento em 300% ao se comparar os meses de julho de 2017 e 2018. “O que mais sai hoje são os empréstimos consignados, e penso que essa grande procura pode estar ligada ao fato de que não há uma análise rigorosa, o beneficiário precisa apenas ter a margem para poder solicitar, sendo de 30% ao empréstimo e 5% para o cartão consignado, diferente do que ocorre nos demais casos”, expõe.

SAIBA MAIS

Conforme noticiado pela “Folha de São Paulo”, um estudo da LCA Consultores, com base na Pnad Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revela que a parcela de casas em que mais de 75% do ganho mensal venha de idosos subiu 12%, já que passou de 5,1 milhões para 5,7 milhões. O levantamento expõe ainda que, desde 2016, conforme a “Folha de São Paulo”, há uma forte tendência de crescimento dos domicílios cuja principal fonte de renda venha de aposentadorias e pensões.

ORIENTAÇÕES

Vantagens do empréstimo consignado: O economista Walter Dallari afirma que a “vantagem” de contratar o crédito é justamente a de diminuir dívidas dentro das famílias, já que muitos são os beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que sustentam suas casas. A taxa máxima de 2,08% para o empréstimo, conforme informado pelo órgão, é inferior, por exemplo, às taxas de empréstimo pessoal, e podem ser chamativas. 

Desvantagens do empréstimo consignado: Por ter uma renda comprometida e que dificilmente apresenta altos índices de reajuste, deve ser levada em consideração a dificuldade que pode ser quitar o pagamento deste crédito, conforme o economista, o que pode piorar a situação financeira e levar a pessoa à inadimplência.

Dica do especialista: Ao ver uma folga no orçamento, mesmo que baixa, é indicado que se aplique certo valor na poupança, que pode render juros e ser uma reserva em longo prazo e sem custos.

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