Instalação do Bom Prato eleva o interesse público sobre o privado

EDITORIAL -

Data 22/11/2018
Horário 05:02

Há tempos se ouve falar, se cogita a instalação de uma unidade da rede de restaurantes populares Bom Prato em Presidente Prudente. A cobrança é antiga e, em outras épocas, a implementação do programa na cidade esbarrou em algumas questões, como o interesse privado e de mercado, ou a alegada falta de entidades interessadas em gerenciar a iniciativa. Agora, tanto tempo depois da primeira tentativa, a regional de Prudente da Defensoria Pública estadual, como publicado na edição de hoje deste diário, propôs uma ação civil pública contra o Estado de São Paulo e a Prefeitura de Prudente, cobrando a implementação de, ao menos, uma unidade da rede na cidade, em um prazo de até seis meses, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Quem sabe agora, com a pressão por parte da Defensoria, o interesse público sobressaia ao interesse privado e, enfim, a população mais carente do município possa ter acesso ao programa.

A primeira vez que se falou na rede Bom Prato em Prudente foi em meados de 2011. Na época, após fatos e boatos sobre a instalação da unidade, a assessoria de imprensa do Estado afirmou que a implementação estava “em negociação com a Prefeitura e sob análise de possíveis locais de instalação”. Ainda se falava que a previsão era que a unidade fosse inaugurada entre os meses de “outubro e novembro” daquele ano, “após o período eleitoral”, previsão que não se cumpriu.

Desta vez a própria Defensoria Pública do Estado cobra a instalação. No pedido, o defensor Orivaldo de Sousa Ginel Junior cita que o Estado teria criado o restaurante dentro do Programa de Alimentação e Nutrição para pessoas carentes, em 2000, e mesmo diante da necessidade local a cidade não foi capaz de receber uma unidade do restaurante até os dias de hoje. O Bom Prato oferece à população de baixa renda refeições saudáveis e de alta qualidade a preços acessíveis, ao custo de R$ 1 o almoço com 1.200 calorias, e o café da manhã de 400 calorias em média, por R$ 0,50 ao usuário.

Em época de desemprego em alta, que resulta em maior vulnerabilidade social por parte da população, o que se espera é a plausibilidade por parte do poder público é a instalação da rede de restaurantes em Prudente. Não se pode aceitar que o interesse privado de setores da economia sobressaia o interesse público, o interesse da população, que merece ter acesso a uma alimentação de qualidade e balanceada a custo reduzido, como ocorre nas 53 unidades da rede em funcionamento no Estado.

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