Inverno e Verão na Música

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor do vinho e contra o vinhoto

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 16/05/2021
Horário 05:30

Posso estar equivocado, como certos ministros, mas ao que parece o inverno não é uma estação que, ao contrário do verão, inspira poetas e compositores. Sei não, parece que o frio não inspira muito a turma, que quer mais é ficar debaixo de bons cobertores em vez de escrever versos numa noite gelada. Quem é que vai ficar inspirado numa noite assim?
No que se refere à música, assim de supetão, lembro-me de poucos compositores que falaram do inverno em suas canções. Vivaldi, que ao que parece não era vivaldino, destaca o inverno em sua clássica obra “As Quatro Estações”, enquanto Roberto Carlos faz uma rápida menção ao inverno em “Quero que Vá Tudo Pro Inferno”.
O compositor Adelino Moreira, responsável por dezenas de sucessos de Nelson Gonçalves, cita o frio na bela canção “Fica Comigo Esta Noite”, observando que "lá fora o frio é um açoite, calor aqui tu terás". “Fica Comigo Esta Noite” é uma frase tão marcante e bacana que deu nome a uma peça de teatro.
Pois é, respeitável público, tirando Roberto Carlos e Adelino Moreira, não me lembro de qualquer outro compositor patrício que abordou o inverno em suas letras. E não é que lá fora a coisa é diferente? Nos EUA e na Inglaterra, o inverno foi destacado, principalmente, por roqueiros e isso é verdade verdadeira e não mentira mentirosa.
Os Rollings Stones gravaram “Winter”, com mais de cinco minutos de duração. Também com duração além do normal, pois passa dos seis minutos, Bruce Springsteen, com sua voz de pimenta malagueta, gravou “Winter Song”, uma balada interessante.
Até a banda The Doors falou do inverno e quem ainda não ouviu, deve ouvir “Wintertime Love”. O lendário vocalista Jim Morrison arrasa com seu vozeirão. Surpresa: a música é uma valsinha e menciono a expressão valsinha da forma mais carinhosa possível.
Deixo o inverno de lado e, agora, falo do verão, estação do ano que inspira pra valer os compositores. Quem tem mais de 50 anos certamente se lembra da música que muitos cinemas tocavam antes de começar o filme. Era o tema do filme “A Summer Place” (no Brasil, “Amores Clandestinos”), com a orquestra de Percy Faith ou com a orquestra de Billy Vaughn.
Um dos clássicos do jazz tem o verão como tema: é “Summertime”, da ópera “Porgy and Bess”, de 1935, que também virou filme. A canção “Summertime” foi composta por George Gershwin, seu irmão Ira e DuBose Heyward, autor do romance “Porgy and Bess”, adaptado para o teatro e para o cinema.
De Louis Armstrong a Miles Davis, de Billie Holiday a Nina Simone, Maria Callas e Amália Rodrigues, sem contar orquestras, “Summertime” foi um sucesso mundial, com dezenas de gravações.
Por falar em dezenas de gravações, o “Samba de Verão”, de Marcos Valle, foi gravado por cerca de 80 artistas, entre cantores, bandas e orquestras. É um clássico da bossa nova que, em 1964, chegou ao segundo lugar nas paradas de sucesso dos EUA.
E pensar que hoje em dia tem muita besteira na música popular brasileira. Parem o Brasil que eu quero descer e, se permitem parafrasear Roberto Carlos, que tudo o mais vá para o céu.

DROPS

Alerta geral: parece que o Dragão da Inflação saiu da toca.

A esperança é a antepenúltima que morre.

Chamem o engenheiro! A ponte para o futuro 2 também tem rachaduras.

Aviso geral: não existe terceira via. É Lula ou Bolsonaro.

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