Jardim Morada do Sol é castigado pelas chuvas

Muro caiu destruindo uma casa, que foi tomada por rio de lama; previsão é de fortes precipitações na região de Prudente

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 06/01/2019
Horário 04:25
Marcio Oliveira - Do alto da casa que dá fundos a do casal de 20 anos, é visível a destruição
Marcio Oliveira - Do alto da casa que dá fundos a do casal de 20 anos, é visível a destruição

Desolação! Essa é a palavra que resume o olhar das pessoas que moram no Conjunto Habitacional Jardim Morada do Sol em Presidente Prudente e tiveram parte de suas casas destruídas pela chuva que caiu durante a tarde de sexta-feira. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão é de que a partir de hoje as pancadas de chuva comecem a perder forças em todo o Estado, quando o sol deve aparecer inicialmente de forma mais tímida. As áreas próximas da divisa do Mato Grosso do Sul e Paraná, como a região de Prudente, chuvas fortes ainda podem ser registradas. “Segunda e terça-feira as chuvas ocorrem de forma bem isolada, a umidade do ar diminui e as temperaturas aumentam mais significativamente”.

Muito tristes, a manicure Danielli Mileide da Silva Xavier e o pedreiro João Pedro Gonçalves Adriano, ambos 20 anos, foram surpreendidos com a triste notícia dada por uma vizinha de que a queda do muro dos fundos havia derrubado parte da residência, que fica na Rua Luiz Alves de Almeida, em que o casal mora com as duas filhas, uma de 3 anos e a outra de 11 meses.

A cozinha nos fundos do imóvel veio abaixo destruindo tudo que ali estava, como fogão, geladeira e máquina de lavar roupas. Todos os cômodos internos, quartos, sala, cozinha, banheiro pareciam um “rio de lama” fétida. Cama, sofá, guarda-roupas, computador... tudo destruído!

“Nossas filhas brincam exatamente na parte que caiu tudo. Graças a Deus, não estávamos em casa, porque, meu Deus, poderíamos ter morrido, ontem. Os brinquedinhos delas, o tapetinho onde nossa filha senta ficava bem encostadinho no muro. Meu marido foi trabalhar perto da casa da minha mãe e eu resolvi ir pra lá também para ficar mais fácil... Graças a Deus!”, exclama aliviada a jovem manicure.

Uma das vizinhas, Esterlina de Sousa Trevisan, ajudou o casal a retirar o que podia para ir para a casa da mãe de Danielle, onde terão que ficar por tempo não definido. Indeterminado, porque eles não têm ideia do que farão.

 

Medo e revolta

Paula Cristina da Silva, que mora na Rua Silvio de Alencar Milano, é outra vítima que não sabe dizer em cifras qual o prejuízo material. Psicológico ela diz que nem precisa, pois é um misto de tristeza com revolta e apreensão. Ela que teve que colocar a filha em cima da mesa durante a invasão da enxurrada, com medo de que chovesse novamente e fosse surpreendida com a filha enquanto dormiam. Segundo ela, não é a primeira vez que sofre com o mesmo problema e que já procurou a Prefeitura, desde 2016, mas nada é feito.

Andando por cada cômodo de sua casa, as manchas nas peças de todos os pisos são visíveis. Muitos pontos estão totalmente ocos. As paredes ainda estavam com as marcas da altura em que a água chegou, em torno de uns 25 centímetros. Seu pai fez até uma barreira de tijolos na porta da sala para tentar impedir que a água entrasse novamente.

“Trabalho só aos finais de semana e por conta. E ficar perdendo móveis direto e comprando, não tem condições. Faltam bocas de lobo em todo o bairro, então quando a chuva vem, invade todas as casas, principalmente as que estão em nível mais baixo. A minha está com várias rachaduras. Os bombeiros vieram, observaram e ficaram de fazer um laudo para mim, pois viram que tem muita infiltração por conta das chuvas”, expõe Paula.

Conforme a moradora, além da água, dava agonia a quantidade de baratas que veio junto. “Somos um bairro esquecido. Precisamos aprender lidar com esses políticos que só aparecem em época de eleições”, lamenta Paula.

De acordo com a Defesa Civil de Presidente Prudente, de todas as ocorrências registradas no Morada do Sol, apenas a casa que teve parte da cozinha invadida pela estrutura externa é que precisou ser interditada. “Estivemos presentes no local e analisamos todas as residências que tiveram prejuízos, para então elaborarmos um laudo técnico que ainda não foi divulgado. A princípio, essa residência que a cozinha foi invadida ficou interditada parcialmente, por motivos de segurança”, aponta o representante da Defesa Civil, Renato Gouvea. A reportagem não conseguiu contatar a Secretaria de Comunicação ontem para repercutir a falta de infraestrutura.

Pirapozinho

Pirapozinho também foi uma das cidades que sofreram com os impactos da chuva. Na manhã de ontem, até pelo menos o início da tarde, equipes da Divisão Municipal de Assistência Social e de Obras e Serviços Públicos viabilizavam o atendimento das famílias afetadas, para que fossem tomadas as devidas providências, de acordo com a Prefeitura. Na Vila Santa Rosa, o fornecimento de água foi interrompido durante a manhã, mas a expectativa era o de normalização no atendimento até o início da tarde.

 

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