Jornalista avalia questões emblemáticas do México

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 24/11/2015
Horário 07:33
 

 

O jornalista paulistano Eduardo Negrão, 47 anos - que há cinco reside em Marília (SP) - lança seu primeiro livro, intitulado "México, pecado ao sul do Rio Grande", pela Editora Scortecci. No mês passado, ele esteve em Presidente Prudente para divulgar a obra que, em 80 páginas, analisa questões emblemáticas do maior país de língua espanhola do mundo: como os problemas em 3 mil quilômetros de fronteiras onde os mexicanos avançam o território das mais variadas maneiras possíveis (túneis, aviões, carros, asa-delta) para os Estados Unidos.

Segundo autor, o livro - que é de fácil leitura - nasceu após ele perceber a falta de material em língua portuguesa que fale sobre o México, "o que é uma falha, pois o país, com 180 milhões de habitantes, de língua espanhola, é a segunda potência da América latina, mais forte que a Argentina", expõe.

De acordo com Eduardo, como ele atuou por muito tempo com o futebol profissional, sempre soube que muitos países tinham, alguns ainda devem ter, as despesas de seus times custeadas pela máfia italiana, pelos cartéis da Colômbia quando ainda eram ativos e também pelo México. Isso lhe serviu como referência para a obra.

"Morei nos EUA nos anos 80 e tive a coincidência de visitar a cidade de Juarez, no México, que era um lugar de turismo, e hoje infelizmente quem vai lá corre o risco de morrer. Isso tamanha a força e violência que o narcotráfico tem no lugar. Em 2013, foram registrados 3 mil homicídios enquanto que na cidade americana El Passo, que faz divisa, separada apenas pelo Rio Grande, apenas cinco. Podemos com isso ver a diferença de primeiro mundo", destaca o jornalista.

Eduardo fala que, de acordo com os caminhos que o Brasil está seguindo, o México poderia olhar para cá e dizer "eu sou você amanhã". Segundo ele, nos últimos 15 anos a economia do México vem se fortalecendo cada vez mais por conta de boa parte do dinheiro ilegal do mundo passar pelo país, o que inflaciona a economia. Assim como no Brasil, a riqueza nacional não se traduz em benefício para a população. "Aqui se bate no peito e diz ser a sétima economia, mas o padrão de vida não se justifica e os índices de violência ainda são maiores que no México, pois lá os contraventores da lei são organizados", dispara.

E já emenda: "Quando um mexicano ilegal chega aos EUA acaba ficando em guetos, sem grandes oportunidades, e fatalmente se torna alvo fácil para traficantes. E quando é preso, não é como traficante, mas sim como imigrante ilegal. Os mexicanos têm um know-how maior. Muita gente os denomina narco-estado", salienta.

 

Recado ao Brasil


Eduardo expõe que deseja com esta obra mostrar ao Brasil que tudo isso pode ser o traço do futuro do país, com traficantes profissionais, como são os do México. "Lá os traficantes não são qualquer um. Soldados das forças especiais da Guatemala, El Salvador com armamento de última geração são contratados... Os traficantes mexicanos respeitam a inteligência americana se ela estiver no lado americano, passou para o México morre. Por isso tantas operações combinadas entre as polícias de ambos em eliminar esse enorme problema de drogas", frisa.

E complementa: "O recado ao Brasil é para se atentar porque não leva a questão da segurança das fronteiras, da imigração a sério. A única coisa que ainda nos protege é a nossa economia fraca... Mas infelizmente já estamos vendo regiões em São Paulo dominadas por traficantes nigerianos. Olha só!", alerta o jornalista.

Eduardo conclui e fala que é como diz Roberto Saviano: "Quem não conhece o México, não pode entender como funciona hoje a riqueza nesse planeta".

 

Serviço

AOS INTERESSADOS


Quem quiser adquirir o livro "México, pecado ao sul do Rio Grande", o mesmo custa R$ 30 e está à venda no site www.livrariacultura.com.br.
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