Largo do Paissandu

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista que não tem conta secreta na Suíça e nem em Xiririca da Serra

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 07/08/2022
Horário 05:30

Toda segunda-feira, principalmente de tarde, era batata: lá estavam eles reunidos em animadas conversas em um bar no Largo do Paissandu, no belo e majestoso centro velho de São Paulo. Eles eram donos de circos e artistas sertanejos, que acertavam shows nos fins de semana, como testemunhei no fim dos anos 60.
Os shows eram negociados entre uma cachacinha, uma cervejinha e também entre goles de café. Duplas, sanfoneiros e outros artistas compareciam em peso ao bar. Afinal, era preciso garantir o leite das crianças.
Os cachês eram modestos e, quando chegava sexta-feira, eles viajavam, principalmente, para cidades do interior de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Que eu saiba, pouquíssimos artistas sertanejos, aqueles da música de raiz, ficaram ricos.
Até mesmo a dupla mais famosa, Tonico e Tinoco, não fez um pé-de-meia robusto para garantir a sobrevivência na velhice, a "melhor" idade (quem foi o cara-pálida que criou essa bobagem?). Com quase 90 anos, Tinoco, após a morte do Tonico, ainda se apresentava em circos modestos para ganhar uns caraminguás.
Hoje em dia os novos "sertanejos", com cachês milionários, estão por cima da carne-seca e até da carne molhada. É bem capaz que uma dupla de ponta, como Zezé di Camargo e Luciano, ganhe em cinco shows o que Tonico e Tinoco ganharam em toda a carreira.
Eles se apresentam em festas agropecuárias, principalmente rodeios, e estão cada vez mais ricos, com fazendas, carrões e aviões.
Além dos artistas sertanejos, também me recordo de outras atrações no Largo do Paissandu, como os dois cinemas desse, digamos, logradouro público. Um dos cinemas era o Cine Paissandu, grandão (no sentido de espaçoso) e imponente.
O outro cinema era o Cine Ouro, uma sala que posso tachar de sofisticada. Tinha até pianista. Ele tocava antes do início das sessões. Também no Cine Ouro assisti a um show do cantor chileno Antonio Prieto, famoso à época graças ao sucesso da bela canção “Cuando Calienta El Sol”.
É no Largo do Paissandu que ficam a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e a Igreja Luterana, esta bastante atingida pelo incêndio que destruiu o edifício que abrigava mais de 300 sem-teto.
O desabamento de um prédio, alto ou baixo, deixa todo mundo assombrado. Tão terrível quanto a tragédia é a opinião de certas "otoridades". Uma delas disse que havia comércio de drogas no prédio e insinuou que os moradores são culpados pela tragédia. 
Outra "otoridade" simplesmente foi escorraçada. Gente do povo botou esse sujeito para correr. Desse cara pálida, que não virou pó à luz do sol, as vítimas dispensam qualquer gesto de solidariedade.

DROPS

Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo.
(Luiz Gonzaga Belluzo, economista)

Brasil, fraude explica.
(Carlito Maia, publicitário)

O avião é moderno, mas o trem de pouso ainda é maria-fumaça.

Chegou a época do ranger de dentes e não é por medo do dentista.

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