Liberação de crédito no Banco do Povo cai 13,3%

“Existem diversos processos ativos, a demanda continua a mesma, mas houve mudança na forma de liberação de crédito. Isso engloba o sistema em geral e não somente em Presidente Prudente, sendo um dos fatores principais o aumento da inadimplência no Estado".

PRUDENTE - Arize Juliani

Data 15/04/2015
Horário 08:26
 

Houve queda de 13,3% na liberação de crédito aos micro e pequenos empresários de 39 municípios da região de Presidente Prudente, que possuem agências do BPP (Banco do Povo Paulista). O levantamento realizado com dados do primeiro trimestre de 2015 aponta que foram liberados R$ 3.255.791,80 em créditos, número inferior comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados R$ 3.755.259,39 em empréstimos. Em Panorama, por exemplo, montante de aprovações despencou 93,3%, sendo R$ 182.660,51 nos três primeiros meses de 2014, e R$ 12.083,66 neste trimestre. Já na maior cidade do oeste paulista foram liberados R$ 692.809,85 em 2014, passando para R$ 596.463,33 em 2015.

O agente de negócios do BPP de Presidente Prudente, Dierry de Almeida Calixto, explica que a procura "permanece intensa" e que houve mudança no esquema de liberação de crédito. Em contrapartida, aponta que o aumento da inadimplência em todo o Estado de São Paulo estimulou a reavaliação da forma burocrática. Valores considerados baixos, por exemplo, podem ser aprovados em até 15 dias. Já quando a solicitação ultrapassa a quantia dos R$ 5 mil, todo o processo tem sido realizado em até dois meses. "Existem diversos processos ativos, a demanda continua a mesma, mas houve mudança na forma de liberação de crédito. Isso engloba o sistema em geral e não somente em Presidente Prudente, sendo um dos fatores principais o aumento da inadimplência no Estado".

Calixto comenta que a crise não afeta diretamente o BPP. O agente revela que, enquanto a tendência dos bancos é suprir os juros, o Banco do Povo trabalha com os juros mais baixos do país. Por este motivo, avalia que o receio ocorre por parte do investidor, que não sabe quanto o período pode influenciar futuramente.

 

"Cautela"

No entanto, o gerente regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas), em Prudente, Eduardo Noronha Viana, afirma que os micro e pequenos empreendedores são orientados a manter a cautela na questão da tomada de crédito neste primeiro trimestre de 2015 – em razão das alterações da política cambial e econômica. Segundo ele, a inflexibilidade das taxas de juros pode inviabilizar o investimento no mercado, tendo em vista a necessidade de desacelerar para não cair em dívidas e ocasionar o fechamento da empresa por inadimplência.

"Foi interessante, neste trimestre, tentar se manter na jogada. O que estamos encontrando não é um cenário muito bonito, mas bastante negro, principalmente para as micro e pequenas empresas que tradicionalmente não têm grande fluxo de caixa e recursos para investimento ou manutenção. Entre as nossas orientações, quando necessária adesão de crédito, o empreendedor deve dispor de algum patrimônio ao invés de buscar recurso no mercado financeiro".

 

Em alerta

O cenário econômico brasileiro está em crise e os empresários estão sentindo os reflexos do momento neste primeiro trimestre de 2015. Embora o fechamento de empresas, em Prudente, seja menor que o mesmo período de 2014, como aponta levantamento realizado pela Sefin (Secretaria Municipal de Finanças), a liberação de crédito para microempresários e trabalhadores informais realizada pelo BPP diminuiu 26,8% nestes três primeiros meses do ano no município. Na pasta de Finanças da Prefeitura, houve o registro do encerramento das atividades de 91 empresas no primeiro trimestre de 2015, mas, em contrapartida, no ano passado, foram 118 fechamentos em comparativo relacionando o mesmo período.

O panorama negativo tem forçado a procura por apoio de recuperação do empreendimento, conforme revela o gerente regional do Sebrae. Segundo Viana, essa é a primeira ocasião que percebe aumento significativo pelo auxílio de consultorias, onde são realizados levantamentos das necessidades e planos de manutenção. "Com a situação adversa, estamos sendo procurados para qualquer tipo de necessidade, mencionando algumas das atuais dificuldades encontradas pelos empreendedores e a diminuição de clientes. E isso tem afetado do grande ao pequeno empreendedor, não apenas para uma classe específica. Por isso, orientamos foco no atendimento do padrão de cada empresa, traçando planejamento e controle financeiro, bem como de vendas".

Por sua vez, o agente do BPP acredita que o momento permanecerá estagnado até a metade deste ano, quando será possível traçar algum panorama referente aos próximos passos da economia brasileira.

 

Economia

O economista Álvaro Barboza dos Santos, avaliando o cenário econômico do país, acredita que as notícias que estão sendo veiculadas na imprensa têm soado de forma negativa junto à população, o que ocasiona receio naqueles que almejam investimentos. Ele acredita na instabilidade econômica, mas enfatiza que será "passageira" e que nos próximos meses deve ocorrer mais estabilidade. "Vamos depender dos desdobramentos que ocorrerão da própria equipe econômica do governo federal, que também depende de aprovações do Congresso Nacional. Está tudo muito confuso, por este motivo, a população e a sociedade se deixam predominar pelas incertezas, principalmente os empreendedores, que preferem observar os desdobramentos de nossa economia", analisa.
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