Não tenho recordação de tantas discussões a respeito da distinção entre direita e esquerda, a maioria desprovida de qualquer fundamento histórico ou político. Com o segundo turno descortinando no horizonte, certamente haverá mais e mais discussões a respeito, num cenário político tão dominado por dois alinhamentos que lutam furiosamente, no voto, um contra o outro pelo governo do país.
Não interessa nesta breve análise o candidato X ou Y, mas sim onde nós, eleitores, nos situamos nesse jogo de xadrez. Imagine que você é a favor da liberdade, da igualdade, da liberdade religiosa, da livre manifestação do pensamento (sem abusos), da defesa do meio ambiente e de outros interesses relevantes da sociedade (cultura, por exemplo), da democracia, da menor intervenção do Estado; e você é contra o aborto (exceto nos casos previstos no Código Penal), contra a discriminação de qualquer natureza, contra a corrupção e tantos outros males que afligem a sociedade brasileira.
Você é alguém, ainda, que se orienta pela fé cristã e, por isso mesmo, respeita a diversidade de opiniões e coopera para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada.
Bom, se esses são alguns de seus valores, em qual espectro político você se situa? É que desses valores que mencionei, alguns são característicos da direita e outros da esquerda política, e outros dos dois espectros.
Como então você pode ser “classificado”? Um “direitista” ou um “esquerdista”?
Pois então... Esse é o mal que aflige nosso país neste momento: querem rotular as pessoas que não se identificam inteiramente nem com um nem com outro espectro político (ou candidatos). E a rotulação é feita pela esmagadora maioria de pessoas que sequer sabe distinguir o que é esquerda e direita sob o ponto de vista histórico-político.
Esse é o Brasil de hoje, palco de uma insana disputa que divide, que separa, que destrói amizades, negócios, relacionamentos e a própria sociedade brasileira. E no final, não importa quem vença, o Brasil não terá motivos para celebrar porque estaremos diante de um país dividido e cheio de desconfianças. E não me refiro aos detentores de mandatos, porque estes se arranjam entre eles (e isso já está acontecendo!). Estou falando do povo. Esse que foi às urnas votar.