Lojas de trajes amargam dificuldades na pandemia

Mesmo na fase amarela, ainda é difícil o cenário para muitos setores, especialmente os considerados não essenciais e que dependem de grandes eventos em sua maioria; empresários lamentam

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 01/10/2020
Horário 07:30
Weverson Nascimento - Tradicional na cidade, há 35 anos no ramo, João, da Regina Célia, se entristece com atual cenário
Weverson Nascimento - Tradicional na cidade, há 35 anos no ramo, João, da Regina Célia, se entristece com atual cenário

Embora todo o Estado esteja na fase amarela do Plano São Paulo, os eventos considerados não essenciais, como os que exigem aluguel de trajes - casamentos, aniversários, formaturas, entre outros -, ainda não voltaram a ser realizados, pelo menos não em sua maioria. E para termos uma ideia real do que vem acontecendo nestes seis meses de pandemia do novo coronavírus com lojistas que se dedicam a esta atividade, a reportagem entrou em contato com empresários do ramo. 
Um deles é João Moreira Leonel, 63 anos, proprietário da Regina Célia Rigor Ateliê, que afirma que a demanda da loja em atividade há 35 anos, em Presidente Prudente, caiu 80%.
Ele expõe que antes de toda essa situação, os eventos vinham acontecendo com uma leve queda, mas normal. Com a pandemia, aí a coisa complicou mesmo para quem atua com eventos, buffet, decoração, cerimonialistas, e o mesmo com quem trabalha com venda e aluguel de trajes, que é o seu caso.
Conforme João, todos tiveram que se reinventar para não parar de vez. Ele diz que mesmo na fase amarela, abrem apenas para fazer organização de um ou outro casamento para 20, 30 pessoas. Mas é muito pouco. “Somos um dos pioneiros de aluguel de trajes na cidade e já chegamos a ter 28 funcionários ao longo dessas mais de três décadas. Mas, infelizmente, nesses meses precisamos fazer acordo com alguns, dispensar outros. Acho que só teremos uma reação positiva quando a aglomeração não for mais o maior problema. Este ano pra nós acabou”, lamenta. E acrescenta que estavam com formaturas fechadas de Direito, Agronomia, Medicina e nada disso aconteceu. “Então se Deus permitir, teremos que começar do zero a partir de janeiro do ano que vem”.

Um grande desafio existe pela frente

Edneia da Silva, 36 anos, proprietária da My Girl Atelier Aluguel de Vestidos Infantis, também destaca que a procura permanece extremamente baixa. Em março (início da pandemia), ela suspendeu totalmente o atendimento. “Foram três meses de portas literalmente fechadas e de muitas incertezas, 100% no ‘vermelho’. Hoje, em torno de 70%. A procura por parte de algumas clientes, que mesmo em dias difíceis sonhavam em celebrar ou simplesmente registrar uma data especial, me fez pensar na retomada, com cautela e algumas normas de segurança. Tenho atendido apenas o público que realiza as ‘festas intimistas’ ou as chamadas ‘pockets’”. 
Para driblar toda essa dificuldade neste tímido retorno, a empresária diz ter adequado valores compatíveis com o tipo de evento e período. “Não seria justo cobrar o mesmo valor de uma locação para um evento de 100 pessoas em um buffet/salão, com fotógrafo,  filmagens e todo glamour  que uma festa pede, a um evento para dez pessoas em casa”, compreende Edneia, citando que neste período, houve um pouco de tudo, desde locação para um simples ensaio fotográfico à celebrações drive-thru, festas intimistas, bênçãos campais e o que mais a imaginação pedir.
Edneia expõe que para manter suas despesas e tentar se manter, precisou reduzir todos os gastos. Ela mesma não buscou outras atividades, mas conhece várias pessoas do setor de festas que tiveram que se reinventar e, infelizmente, alguns não tiveram outra opção a não ser fecharem as portas. 
“Acredito, que nós do setor de eventos, temos um grande desafio pela frente, além de tentarmos nos reerguer financeiramente, temos ainda as portas fechadas dos principais realizadores de comemorações e eventos, que são os buffets, casas de festas... e as ruas abarrotadas de pessoas. Mas entendo que não podemos ficar parados, é importante aproveitar o momento para se reinventar, se capacitar, aprender novas técnicas para um novo mundo”, destaca esperançosa a proprietária da My Girl Atelier.

Foto: Cedida
festa intimista
Lívia ganhou dos papais Renato e Laís, e do irmãozinho Arthur, uma festa intimista com trajes da My Girl Atelier

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