Longevidade: o segredo está na genética?

Jair Rodrigues Garcia Júnior

 

 
 “O ser humano pensa em progredir, evoluir, conquistar e ganhar sempre mais. Entretanto, não pensa no fundamental: manter o que já possui.” Marco Aurélio. Dentre tudo que possuímos talvez a principal condição a ser mantida seja a de plena saúde. Pensando em laços familiares, amizades, atividades e até bens materiais, para que possamos nos manter desfrutando-os precisaremos perenizar a saúde em sua plenitude.
 
OKINAWA
 Em algumas regiões do mundo há populações com elevada expectativa de vida, chegando aos 90 anos. Óbvio que nestas populações há muitos centenários, numa proporção maior do que em outras populações. Okinawa, no Japão, é onde está uma destas populações, sobre as quais já se tentou descobrir o segredo. O principal: convívio em grupos sociais, práticas mentais que continuem exigindo do cérebro, dieta essencialmente vegetal e prática regular de exercícios.
 
O GENE DA LONGEVIDADE
Alguns genes podem ser candidatos ao posto de responsáveis pelo prolongamento dos anos de vida. Fatores de transcrição, proteínas e até organelas como as mitocôndrias também são candidatos. Mas ainda está para ser eleita uma “longevina”, a proteína determinante da longevidade. As Sirtuínas (e seus genes) podem ser candidatas fortes, pois são responsáveis pelo reparo do DNA, estabilidade do genoma, controle da resposta inflamatória, da apoptose, do ciclo celular e das funções mitocondriais, prevenindo processos que levam às doenças crônicas e envelhecimento acelerado.
 
TELÔMEROS
Estudos sobre os telômeros, que são capas protetoras das extremidades dos cromossomos (e genes), e sobre a enzima telomerase, que repõe continuamente os telômeros, valeram o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina (2009), aos pesquisadores Elizabeth Blackburn (Austrália) e Carol Greider e Jack Szostaks (EUA). Então, a proteína telomerase (e seu gene) foi alçada candidata a “fator longevidade”. No entanto, a expressão dos genes para produção das proteínas depende do fator epigenética, ou seja, a influência do meio ambiente e dos comportamentos. Por isso, a prática de exercícios e adequação da dieta, entre outros comportamentos, representam 80% das possibilidades de viver além dos 76 anos, que é a expectativa de vida dos brasileiros.
 
GENETICISTA
 “O segredo para uma vida longa, sem doenças, dores ou queixas é se manter ativo, fazer exercícios, adequar a alimentação, ter hobbies e ler muito”, diz a Profa. Dra. Mayana Zatz, que é geneticista, participou do projeto Genoma (1990-2003, o mais grandioso estudo das Ciências Biológicas) e coordena o CEPID-FAPESP de Pesquisas do Genoma Humano, mais importante centro de estudos genéticos do Brasil. Aos 74 anos, a maior geneticista do país está em plena atividade, em todos os sentidos, porque sabe que “a genética” determina apenas 20% do envelhecimento saudável. Vale a leitura de seu novo livro: O legado dos genes, Ed. Objetiva, 2021.
 
 
Ainda está para ser eleita uma “longevina”, a proteína determinante da longevidade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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